Museu do Prado abre comemorações dos 200 anos com mostra sobre a sua história

Museu do Prado 1819-2019 – Um Lugar de Memória propõe uma viagem cronológica pela história da instituição através de uma selecção de 168 obras, das quais 134 são fundos próprios.

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La maja desnuda, de Goya, e a sua réplica de Picasso, Desnudo recostado EMILIO NARANJO/ EPA

As comemorações do bicentenário do Museu do Prado, em Madrid, abriram oficialmente esta segunda-feira com a inauguração de uma exposição sobre a sua história, pelo rei de Espanha, que definiu a instituição como “um projecto de memória e de futuro”.

A exposição Museu do Prado 1819-2019 – Um Lugar de Memória, comissariada por Javier Portús, propõe uma viagem cronológica pela história do museu, no dia em que ele completa 199 anos, com 168 obras, acompanhadas por reproduções fotográficas, cartazes, livros, gráficos, mapas e instalações audiovisuais.

No seu discurso, o rei Felipe VI definiu o Prado como “um projecto de memória e de futuro”, que valoriza “a herança cultural dos espanhóis”, mantendo, também, uma dimensão universal. “É, sem dúvida, o grande símbolo monumental da criatividade, da excelência e da sensibilidade artística do nosso país, ao longo da história, e é património de toda a humanidade”, proclamou o rei, para exaltar o que o museu representa.

Filipe VI sublinhou que a pinacoteca madrilena deve ser considerada “uma história de êxito”, na qual a Coroa espanhola, as várias administrações e a sociedade civil uniram forças. Fruto deste “empenho colectivo”, o chefe de Estado espanhol saudou o facto de o museu albergar “um fabuloso legado para orgulho dos espanhóis”, por ser “uma das imagens mais prestigiantes do país”.

O rei quis realçar também que as galerias da pinacoteca fundem “o melhor de hoje e de ontem”, ao reunir obras que testemunham a história de Espanha e as grandes transformações que ocorreram nos últimos dois séculos. “O Prado é muito mais do que o privilegiado espaço físico de uma inumerável quantidade de obras-primas. Com o tempo, tornou-se também um lugar de memória, da nossa memória”, disse.

O director do Museu do Prado, Miguel Falomir, o presidente do Patronato da pinacoteca, José Pedro Pérez-Llorca, e o ministro da Cultura e do Desporto de Espanha, José Guirao, também participaram no acto institucional.

A exposição é constituída por 168 obras, das quais 134 são fundos próprios, que reflectem a evolução histórica de Espanha e a forma como o museu desenvolveu a sua própria personalidade. Junto aos clássicos, a exibição inclui peças de artistas mais recentes, como Auguste Renoir, Édouard Manet, Pablo Picasso ou Jackson Pollock, que encontraram inspiração na galeria de Madrid.

O comissário da mostra, Javier Portús, explicou aos reis as oito etapas em que se divide a jornada pelos 200 anos da instituição fundada por Fernando VII como museu real – inspirado por sua mulher, a portuguesa Isabel de Bragança –, com pouco mais de 300 pinturas.

Filipe e Letícia posaram diante de algumas obras, nomeadamente La Resurrección de Cristo, de El Greco, Visão de São Pedro Nolasco, de Francisco de Zurbarán, e, no final da visita, de La Maja Desnuda, de Goya, e da sua réplica de Picasso, Desnudo Recostado.

Depois de se referir à exposição como “possivelmente a mais importante” daquelas que foram celebradas em toda a história da instituição, Miguel Falomir incentivou o Prado a permanecer uma referência no futuro. “É o museu de todos, porque forma parte do nosso imaginário colectivo, no qual convergiram os esforços e desejos do melhor da nossa sociedade. Que o continue a ser por mais 200 anos é responsabilidade de todos”, afirmou o director do museu.

O ministro José Guirao concordou que a comemoração do bicentenário, que inclui uma centena de actividades em 30 cidades espanholas, deve servir para “rever o passado, analisar o presente e projectar o futuro” do Prado, com medidas como a sua ampliação no Salão de Reinos, no antigo Museu do Exército.

O Museu do Prado convidou ainda os visitantes a colaborar na sua primeira campanha de crowdfunding, para a aquisição do quadro Retrato de una Niña, de Simon Vouet, com contribuições a partir dos cinco euros, e para a qual já estão arrecadados 120 mil dos 200 mil euros necessários.

Outro dos momentos que marcaram o dia foi a descoberta do “traje” fabricado para esconder os andaimes das fachadas do Palácio Villanueva, devido às obras de restauração do museu, que contém pinturas de alguns dos seus grandes mestres, como Velázquez, Rubens ou El Greco. Desenhado pelo director artístico da pinacoteca, Mikel Garay, o “traje” que vestirá o Prado foi feito com fragmentos de nove quadros que resultaram em 15 telas com 11 mil metros quadrados de tecidos.

O edifício do Museu do Prado foi desenhado por Juan de Villanueva em 1785, por ordem de Carlos III, para acolher o Gabinete de Ciências Naturais, mas foi o seu neto Fernando VII, “impulsionado pela mulher, a rainha portuguesa Maria Isabel de Bragança, que tomou a decisão de destinar o edifício à criação de um Real Museu de Pintura e Escultura”, recorda o site da instituição.

Já enquanto Museu Nacional do Prado, aquele espaço abriu ao público a 19 de Novembro de 1819, com 311 pinturas da Colecção Real, todas de autores espanhóis, embora tivesse já em sua posse 1510 obras. É o museu mais visitado em Espanha, e um dos mais visitados do mundo, com cerca de 2,7 milhões de entradas vendidas por ano.

Esta segunda-feira, dia do 199.º aniversário, o museu esteve aberto ao público, e voltará a ter entrada gratuita nos próximos dias 23, 24 e 25. A celebração do bicentenário do museu vai prolongar-se até 19 de Novembro de 2019, quando se completam 200 anos sobre a inauguração.

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