Pessoa Festival quer levar mais autores de língua portuguesa aos EUA

Editores, que organizam festival, notam que o português ganhou visibilidade com a ascensão económica e política do Brasil.

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Nos Estados Unidos, "a língua portuguesa não desfruta da visibilidade de outras línguas", na opinião do editor Eric Becker XX

The Pessoa Festival, o novo festival de literatura lusófona nos Estados Unidos, vai expandir-se no futuro com a presença de mais escritores de língua portuguesa e provenientes de mais países, disse à agência Lusa um dos organizadores. Eric Becker, editor norte-americano, indicou no final do primeiro The Pessoa Festival, na noite de sábado em Nova Iorque, que um objectivo para as próximas edições é "espalhar geograficamente" a abrangência do festival, ao trazer escritores de mais espaços da lusofonia, nomeadamente de países africanos, mas também realizar o festival em diferentes cidades dos EUA.

A primeira edição realizou-se na sexta-feira e sábado, com conferências e apresentações na livraria Book Culture e no Lenfester Center for the Arts da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. The Pessoa Festival, que conta com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil, é co-organizado pelo norte-americano Eric Becker e pela brasileira Mirna Queiroz, ambos editores de revistas literárias, que têm vindo a desenvolver uma parceria há dois anos.

Autores dos EUA, do Brasil e de Portugal falaram das suas escritas, em várias mesas-redondas, debatendo em inglês os trabalhos escritos originalmente em língua portuguesa, frente a um público de diferentes países. Segundo o organizador Eric Becker, o desafio lançado aos escritores é uma "dupla tradução": "não só aprender a expressarem-se intelectualmente numa outra língua, mas também traduzir o contexto do seu livro".

Isabel Lucas, colaboradora do PÚBLICO, Ismar Tirelli Neto, Carol Rodrigues, Alexandre Vidal Porto, entre outros, foram alguns dos escritores convidados, que participaram em conversa com escritores norte-americanos como Paul Beatty e Leslie Jamison.

O fundador do festival disse que um dos critérios mais importantes para a escolha dos escritores convidados é terem participado em iniciativas da parceria literária entre a revista Pessoa e Words Without Borders, que deu origem ao evento.

O nome do festival tem a ver com uma das revistas literárias envolvidas na organização, a revista brasileira Pessoa, e remete ao poeta português do século XX, devido à sua "posição privilegiada nos Estados Unidos e na língua inglesa", segundo Eric Becker.

Para o norte-americano, Fernando Pessoa "incorpora uma certa lusofonia" e tem "transnacionalidade", ao usar as palavras por todos os falantes de português. O poeta português teve a capacidade de criar heterónimos, com os quais conseguiu "ocupar muitos espaços e diferentes paradigmas", segundo Eric Becker.

Nos Estados Unidos, "a língua portuguesa não desfruta da visibilidade de outras línguas", na opinião do editor Eric Becker, mas o interesse pela lusofonia tem crescido na última década. "Nas universidades, por exemplo, o português é ensinado como uma disciplina própria. Tem interesse, que foi puxado muito pela ascensão económica e política do Brasil", na visão do co-criador do The Pessoa Festival.

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