Tesla “liga” segunda loja em Portugal, Model 3 está quase a chegar

Nos Estados Unidos, o Model 3 já está a alterar as regras do jogo e as perspectivas de futuro da marca de Elon Musk. Em Portugal, a Tesla abriu loja na zona do Porto, onde podem ser vistos o Model S e o Model X. Para já, só na loja de Lisboa se pode ver o Model 3, que começa a ser distribuído na Europa no 1.º semestre de 2019.

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Nelson Garrido

Uma semana antes de uma pré-apresentação em Portugal – na quarta-feira, dia 14 – do Model 3, modelo que promete baralhar o jogo do comércio automóvel global, a Tesla, a construtora norte-americana de carros 100% eléctricos, abriu uma segunda loja no país, agora na zona do Porto. Já tinha uma loja permanente no El Corte Inglès de Lisboa, tinha aberto lojas temporárias em Braga e no Algarve durante o Verão e desde 5 de Novembro que conta com uma loja definitiva no El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia, um espaço que conhece bem. Também aqui já teve um espaço temporário entre Abril e Junho do ano passado.

A questão da rede de lojas – se é que se pode falar de uma rede, com apenas duas unidades – é apenas uma das especificidades da forma diferente de a Tesla se relacionar com o mercado. A marca fundada por Elon Musk insiste em não depender de uma rede de concessionários, a solução convencional. Insiste que se quer relacionar directamente com os clientes, ouvindo as suas queixas e sugestões de melhoria do produto, sem perder informação nem partilhar responsabilidades com intermediários. Aposta muito na Internet e deixa para as lojas o contacto físico com os clientes, o contacto destes com o veículo e, claro, o test-drive.

Outra especificidade decorrente é que, sem concessionários, os preços praticados pela Tesla são os mesmos, seja na loja de Lisboa seja na loja do Porto, seja noutra qualquer loja que venha a abrir. E a marca ressalva que só não pode garantir que o preço é o mesmo de um país para o outro, porque, mais do que custos de produção, há componentes fiscais nacionais que fazem os valores variar muito. Por isso, não vale a pena contar com descontos: o preço é o que é, a menos que estejamos a falar de frotas ou de viaturas de exposição.

Para já, o plano imediato para Portugal é continuar a apostar nas lojas pop-up, para abrir durante curtos espaços de tempo nos locais onde pontualmente haja uma elevada concentração de clientes potenciais.

Quando este texto foi escrito estava prevista para dia 14, na loja do El Corte Inglès de Lisboa, e por iniciativa do Tesla Club de Portugal, uma primeira apresentação no país do Model 3, o automóvel que Musk profetizou que haveria de mudar a história da indústria automóvel – foi apresentado como um sedan de luxo eléctrico a preço acessível, para o segmento premium,  e que começa a dar sinais de poder cumprir a ameaça. Depois de um primeiro período de susto, em que quase sucumbiu ao sucesso e às elevadíssimas expectativas – demasiadas encomendas para a capacidade instalada –, começa a impor-se no mercado, ainda que a um ritmo inferior ao inicialmente anunciado.

Segundo a Tesla, dos 83.500 veículos que a marca produziu para todo o mundo no terceiro trimestre (um crescimento de 80%, em relação ao período homólogo de 2017), 55.000 foram Model 3. E, note-se, o Model 3, ainda só está a ser entregue em dois países do mundo, ainda que mercados importantes: Estados Unidos e Canadá.

Na Europa, e naturalmente em Portugal, o Model 3 tem entrega prevista para o primeiro semestre de 2019 – no Reino Unido será mais tarde, por causa do volante à direita. Estima-se que venha a custar entre 39 mil e 49 mil euros, consoante se opte pelas versões de 50kWh ou 75kWh.

A Tesla, e esta é outra da sua forma diferente de estar no mercado, não revela número de vendas ou encomendas por país. Abre uma conveniente excepção para divulgar a notícia do USA Today que diz que a marca de Palo Alto ultrapassou as vendas da Mercedes-Benz nos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2018 e que se prepara para ultrapassar também a BMW no último trimestre do ano.

Tem-se escrito que haverá mais de 1600 Model 3 encomendados em Portugal – a mera reserva online (que dá direito a um email de aviso para quando for possível fazer a encomenda) custa mil euros –, mas isso só a Tesla poderia confirmar. Por outro lado, também é verdade que, com esta política de informação, a Tesla fica imune à suspeita generalizada de que as marcas matriculam veículos só para impressionar chefias ou o mercado…

De qualquer forma, para quem ainda está a pensar como nas linhas acima se ousou combinar palavras como “acessível” com números como “49 mil” a propósito do mesmo automóvel, convém recordar que estamos a falar de veículos 100% eléctricos, com custos de utilização e manutenção reduzidos, com acabamentos premium e sobretudo com prestações muito acima da média – verdadeiros desportivos ou mesmo superdesportivos. A versão de 75kWh do Model 3, o equivalente a 257 cavalos, assegura uma aceleração de 0 a 100km/h em apenas 5,1 segundos e uma velocidade de ponta limitada a 225km/h (há outra versão menos potente, de 50kWh).

E ainda se tem falado de uma versão de tracção integral mais potente e dois motores – um em cada eixo, ambos eléctricos, obviamente, que a filosofia da Tesla nada tem de híbrido – como usam a berlina desportiva Model S e o SUV Model X (este configurável para cinco, seis ou sete lugares para adultos), embora o próprio Musk já tenha vindo avisar que a plataforma do Model 3 só é compatível com as baterias até 75kWh. Vamos lá ter calma!

Os packs de baterias de 75kWh equipam as versões-base do Model S e do Model X, que estão disponíveis a partir de 93.580 euros e de 102.430 euros, respectivamente.

Mais Superchargers a caminho

Aquilo que a Tesla não se importa nada de revelar são alguns dados susceptíveis de amenizar receios recorrentes dos consumidores em relação a automóveis eléctricos: a longevidade das baterias e a autonomia na utilização. Por ocasião da abertura da loja de Gaia, a Tesla divulgou também a notícia do taxista finlandês cujo Model S já ultrapassou os 400 mil quilómetros (este teve o motor trocado pela Tesla, que oferece uma garantia de oito anos para baterias e motores) com a bateria a manter uma eficiência de 93%. Ou da viatura de uma empresa de shuttle, da Califónia, com bateria a 94% após mais de 200 mil quilómetros.

Quanto à autonomia, a Tesla chama a atenção para o investimento já realizado em postos de carregamento em Portugal: cinco estações Supercharger (as mais rápidas, onde 20 minutos dão, em média, carga para 250km) para 44 viaturas, distribuídas por Ribeira de Pena, Guarda, Fátima, Montemor-o-Novo e Alcácer do Sal – e promete outras em breve, no seu site, para Braga, Castelo Branco, Marinha Grande, Lagos e Faro. Além disso, sublinha que já tem mais de uma centena de postos Destination Charging, de carregamento mais lento (mas mais amigo da saúde das baterias), espalhados por parques de estacionamento, centros comerciais, hotéis e restaurantes de todo o país. Além disso, comercializa um carregador doméstico de parede por 530 euros.

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