Netanyahu tenta tudo para evitar eleições antecipadas – menos entregar pasta de Defesa

Decisão será tomada na reunião semanal do Governo israelita, no domingo.

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Naftali Bennett e Benjamin Netanyahu numa reunião de Governo RONEN ZVULUN/Reuters

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está a tentar tudo para evitar eleições antecipadas que, no entanto, parecem inevitáveis depois de recusar entregar o cargo de ministro de Defesa ao responsável pela Educação, Naftali Bennett, do partido de direita religiosa Casa Judaica.

A pasta ficou livre com a demissão, na quarta-feira, de Avigdor Lieberman, do partido nacionalista russófono Israel Nossa Casa, em protesto contra a decisão de Netanyahu aceitar um cessar-fogo na Faixa de Gaza depois de uma operação israelita no território ter corrido mal, o que levou a confrontos e disparos de mais de 400 rockets do Hamas contra Israel, e de mais de cem ataques da aviação israelita a alvos dentro do território.

Netanyahu anunciou que manteria a pasta; o partido de Bennett reivindicou-a prontamente. Na quinta-feira, Bennett disse que queria ser ministro de Defesa contra todos os conselhos de amigos e assessores, para “que Israel volte a ser vencedor”. Face a perigos desde “o polvo do Irão” às “forças do Hezbollah e do Irão na Síria”, até “ao Hamas, que só está a ficar cada vez mais forte, em Gaza”, Bennett acha que é altura de uma abordagem diferente.

E passou para o ataque a Netanyahu: “Recentemente, a filosofia tem sido evitar contacto com o inimigo. O inimigo, por sua vez, interpreta isto como medo de confronto”, disse. “O facto de começarmos a acreditar que não há solução para a questão do terror é muito perigoso. Mas há algo que pode ser feito. Há uma solução. Quando Israel decide que quer ganhar, nós vamos ganhar.”

O discurso não foi visto como um modo de convencer Netanyahu a dar-lhe o ministério, o pretexto formal. “Foi o pontapé de saída para a campanha antes das eleições”, comenta a jornalista Noa Landau, do Ha’aretz, no Twitter. Bennett está a tentar cortejar o voto dos que estão preocupados com a situação em Gaza.

Netanyahu reuniu-se esta sexta-feira com Bennett e fontes próximas do ministro da Educação diziam que era inevitável antecipar as eleições, marcadas para Novembro de 2019. A data seria anunciada na reunião semanal do Executivo, que em Israel se faz no dia de início da semana, o domingo.

Antes de o Sol se pôr e o shabbat começar (quando mais de meio país pára para os crentes observarem o dia santo de descanso entre sexta-feira ao final da tarde e sábado à noite) Netanyahu ainda emitiu um comunicado, dizendo que “os rumores de que foi tomada a decisão de ir para eleições são incorrectos”.

O primeiro-ministro diz que “confia nos ministros para não derrubarem um Governo de direita e não repetir o erro histórico de 1992, quanto fizeram cair um governo de direita, puseram a esquerda no poder e trouxeram o desastre de Oslo para o Estado de Israel”, referindo-se aos Acordos de Oslo assinados por Yitzhak Rabin e Yasser Arafat em 1993 e que deveriam levar à criação de um Estado palestiniano – algo que Netanyahu quer evitar.

Mas se Bennet decidiu mesmo retirar o seu partido da coligação, Netanyahu perderá a estreita maioria de apenas um deputado – depois da saída de Lieberman e do seu partido, tem apenas 61 deputados num Parlamento de 120.

A ideia de eleições antecipadas é defendida pelo ministro das Finanças, Moshe Kalon, líder do partido de centro-direita Kulanu (ex-Likud) e do Interior, Aryeh Deri, do partido ultra-ortodoxo sefardita Shas.

Se o Governo decidir, como tudo indica, marcar uma data para eleições no domingo, estas deverão realizar-se entre Março e Maio de 2019.

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