Nuno Sampaio: "Apostamos na programação de arquitectura para públicos diversos"

O director executivo da Casa da Arquitectura destaca a projecção internacional já conquistada pela instituição de Matosinhos. E diz esperar que, em 2019, se concretize a prometida entrada do Estado na instituição.

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Nuno Sampaio Fernando Veludo/ NFactos

Da experiência do primeiro ano, que aprendizagem é que a Casa da Arquitectura vai transportar para o futuro?
O duplo perfil vocacional da Casa da Arquitectura já contém uma fórmula bem-sucedida: o cruzamento da função do arquivo com o programa expositivo faz com que estas duas vertentes se alimentem mutuamente. Dos acervos no arquivo são extraídas exposições; destas resultam contributos para o arquivo. A Casa decidiu destacar-se internacionalmente por constituir um acervo a partir de colecções transversais com curadoria, referentes a um determinado território e época. Nesta procura da diversidade, vamos continuar a inscrever a Casa da Arquitectura nos circuitos internacionais, seja trazendo cá propostas de qualidade, seja levando a nossa programação a outros destinos, na linha, de resto, do que se está a fazer com a programação paralela do Infinito Vão, que tem uma extensão no Brasil. A partir do debate disciplinar, apostamos na programação de arquitectura para públicos diversos. Finalmente, é nossa intenção, em 2019, concretizar a já prometida entrada do Estado na instituição, tal como assumido pelo primeiro-ministro no momento da inauguração. E também os privados serão convidados a entrar na Casa da Arquitectura.

Vão receber agora o arquivo de Pedro Ramalho. Quais serão os próximos a entrar na colecção, e que importância é que os arquivos têm para o programa da instituição?
O acervo de Pedro Ramalho vai ser tratado e dele vai ser retirada uma leitura sobre a sua obra, que vai ser exposta na Galeria da Casa, em Setembro. Em seguida, vamo-nos debruçar sobre a segunda fase da colecção 25 Anos de Democracia e a Arquitectura Portuguesa 1974- 1999, que tem curadoria de João Belo Rodeia, Ricardo Carvalho e Graça Correia. Trata-se de um acervo projectual, documental e bibliográfico organizado em torno dos arquitectos e da arquitectura portuguesa, em particular do século XX (e também XXI). Esta colecção incluirá mais de 200 projectos de referência de 100 arquitectos. E continuaremos a trabalhar na recolha de acervos individuais relevantes, nacionais e internacionais.

Uma das linhas orientadoras da Casa é fazer chegar a arquitectura ao grande público. Até que ponto já conseguiu fazer isso?
Captar públicos para a arquitectura é um desafio complexo. É um desígnio de longo prazo, que implica perseverança, persistência e consistência. É preciso não perder de vista que, mais do que debater projectos, é fundamental inscrever a arquitectura no debate sobre a cidade. A arquitectura é a cidade. Para captar públicos, fazemos propostas de programação que cruzam com outras áreas disciplinares: a literatura, o cinema, a música... Temos com a Casa da Música uma estratégia de programação e bilhética nas respectivas actividades. E, claro, apostamos também enormemente no Serviço Educativo, que consideramos uma incubadora para públicos presentes e futuros e um recurso fundamental para o trabalho que estamos a fazer junto daqueles que estão habitualmente excluídos da arquitectura. Reforçamos aqui uma política de inclusão para a arquitectura. E estamos a trabalhar amplamente junto das escolas do ensino obrigatório e superior.

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