Clubes poderosos não escapam à Justiça

Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira também se encontram envolvidos na teia de processos que envolve o futebol português.

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Processos judiciais têm atingido vários clubes do futebol nacional Nuno Ferreira Santos

Para além do ex-presidente sportinguista, Bruno de Carvalho — suspeito de ter sido autor moral do ataque à Academia de Alcochete —, também os dirigentes dos restantes “dois grandes” estão implicados no largo conjunto de operações judiciais que circunda o futebol nacional.

Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica há 15 anos, é arguido na Operação Lex, que investiga suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influências e fraude fiscal. O dirigente do emblema da Luz é um dos 13 arguidos do processo que implica, também, os juízes desembargadores Rui Rangel e Fátima Galante. Os investigadores acreditam que Luís Filipe Vieira prometeu a Rui Rangel um cargo na estrutura dos "encarnados" em troca de favores judiciais, acto que, se provado, constitui o crime de troca de influências.

A Operação Lex — que nasceu da investigação Rota do Atlântico — foi desencadeada no início de 2018. No final do passado mês de Janeiro foram realizadas 33 buscas, que tiveram como alvo as casas dos juízes Fátima Galante e Rui Rangel, e ainda os gabinetes do Sport Lisboa e Benfica, do Tribunal da Relação, a residência de Luís Filipe Vieira e três escritórios de advogados.

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Rui Rangel é suspeito de vender decisões judiciais ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA

"Afirmo, de forma peremptória, que estou de consciência totalmente tranquila. Não pratiquei qualquer ilícito que me possa ser imputado. É, aliás, com enorme estupefacção que vejo o meu nome associado a este processo", afirmou o dirigente das “águias” em comunicado enviado à Lusa, dias após as primeiras buscas da Operação Lex.

“Águias” atacam “dragões” nos tribunais

Também o presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, não escapa à teia de processos que envolve o desporto-rei em Portugal. Juntamente com cinco administradores da SAD (Reinaldo Teles, Adelino Caldeira, Fernando Gomes, José Américo Amorim e Rui Vieira de Sá), o dirigente portista foi indiciado pela prática do crime de ofensa a pessoa colectiva.

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Presidente dos "dragões" é arguido num inquérito paralelo ao dos "e-mails" ANDRÉ RODRIGUES / PÚBLICO

No processo que nasceu a partir do conhecido “caso dos e-mails”, Diogo Faria, comentador do Porto Canal e co-autor do livro “Apito Encarnado” — no qual alguns dos e-mails enviados pelo Benfica são revelados —, é ainda acusado de prática de crime de violação de correspondência, para além da acusação que recai sobre os restantes arguidos.

Na passada sexta-feira o presidente dos “azuis e brancos” — que leva quase quatro décadas à frente dos “dragões” — foi ouvido durante 40 minutos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa, na qualidade de testemunha, na sequência de uma queixa apresentada pelo Benfica contra o FC Porto pela divulgação da comunicação interna do clube da Luz durante o Universo Porto — da Bancada —, espaço temático do Porto Canal

Já no caso que envolve a correspondência electrónica dos "encarnados", Francisco J. Marques foi constituído arguido, por ter divulgado o conteúdo de e-mails do Benfica sem consentimento. “É verdade que sou arguido nesse processo, mas não estou nada preocupado. Não roubei, nem violei nada. Limitei-me a receber os e-mails e divulguei aqueles que considerei serem de interesse público”, afirmou ao diário desportivo Record.

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