Economia desacelera para 2,1% no terceiro trimestre

Estimativa do INE aponta para um crescimento homólogo do Produto Interno Bruto de 2,1%, abaixo dos 2,4% registados no trimestre anterior. Desaceleração ficou a dever-se à travagem no consumo privado.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

A economia portuguesa cresceu 2,1% no terceiro trimestre de 2018, o que representa uma desaceleração face ao crescimento registado nos trimestres anteriores, revela a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada nesta quarta-feira, que atribui o abrandamento a uma travagem no consumo privado.

De acordo o INE, no terceiro trimestre de 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,1% em relação ao ano passado, abaixo do crescimento homólogo de 2,4% verificado no trimestre anterior.

O INE explica que "a procura interna registou um contributo menos positivo [para a evolução homóloga do Produto Interno Bruto], em resultado da desaceleração do consumo privado", enquanto o investimento "apresentou um crescimento ligeiramente mais acentuado". Já a procura externa líquida deu "um contributo negativo idêntico ao observado nos dois trimestres anteriores". 

Comparativamente com o segundo trimestre, também se nota um abrandamento. O aumento do PIB em cadeia foi de 0,3% em termos reais, ficando abaixo do crescimento de 0,6% apurado pelo INE para os três meses anteriores. 

"O contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB passou de nulo a negativo, reflectindo uma diminuição das exportações de bens e serviços mais intensa que a das importações. O contributo positivo da procura interna aumentou no terceiro trimestre, traduzindo o crescimento mais elevado do consumo privado e do investimento", realça o INE na nota enviada à comunicação social.

No primeiro trimestre de 2018, o PIB tinha crescido 2,2% em relação ao ano passado; no segundo trimestre, cresceu 2,4%; e, no terceiro, o crescimento foi de apenas 2,1%. O objectivo do Governo é chegar ao final de 2018 com a economia a crescer 2,3%, mas para que isso aconteça o PIB terá de acelerar nos próximos três meses.

A convergir com a zona euro

Este abrandamento da economia portuguesa não impediu, contudo, que se prolongasse no terceiro trimestre o período de convergência face à média da zona euro. Isto porque os dados divulgados também nesta quarta-feira pelo Eurostat mostram que as economias do euro viram também o seu ritmo de crescimento abrandar, quer na comparação homóloga, quer em cadeia.

Entre Julho e Setembro, o PIB da zona euro aumentou 1,7% face ao mesmo período de 2017, um abrandamento quando se compara com o valor de 2,2% registado no segundo trimestre. Em cadeia, a economia da zona euro passou dos 0,4% do segundo trimestre para apenas 0,2% no terceiro. A economia alemã, a maior da zona euro, foi a grande responsável por este desempenho mais fraco, tendo mesmo registado uma contracção da sua economia (de 0,2%) face ao trimestre imediatamente anterior, algo que já não acontecia desde 2015. 

Portugal consegue assim repetir o feito já conseguido no segundo trimestre de crescer mais, tanto em cadeia como em termos homólogos, do que a média da zona euro. De notar, contudo, que entre os 13 países da zona euro para os quais já há dados disponíveis para o PIB do terceiro trimestre, Portugal tem apenas a nona variação homóloga do PIB mais alta. O que acontece é que, entre os quatro países com pior desempenho estão os três maiores países da zona euro: a Alemanha, com um crescimento homólogo de 1,2%, a França, com 1,5%, e a Itália, com 0,8%.

A Espanha, o principal destino das exportações portuguesas, foi uma das poucas economias europeias a não registar um abrandamento, mantendo no terceiro trimestre o mesmo registo do segundo: crescimento de 0,6% em cadeia e de 2,5% em termos homólogos.

Num comunicado divulgado esta manhã, o Ministério das Finanças reconhece que o crescimento do PIB português abrandou face ao trimestre anterior, mas fez questão de salientar que a economia "mantém a tendência de convergência com a União Europeia e com a zona euro”.

O ministério de Mário Centeno destaca ainda que “o padrão de crescimento face ao período homólogo continuou marcado por uma forte dinâmica de criação de emprego (aumento de 2,1%, com 100 mil novos empregos) e de redução do desemprego (redução de 1,75 pontos percentuais da taxa de desemprego, menos 91 mil desempregados)”.

E realça que, para além de se verificar “uma aceleração ligeira do crescimento do investimento”, "este é o 18º trimestre consecutivo de crescimento", o que acontece "num contexto de equilíbrio das contas externas e de consolidação orçamental”.

“Este é o caminho que garante maior resiliência da economia portuguesa e permite continuar a assegurar as funções do Estado de forma continuada”, conclui o Ministério das Finanças.

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