Partido Democrata vence eleição para o Senado no Arizona

É a primeira vez que o Partido Democrata vence uma eleição para o Senado no Arizona nos últimos 20 anos. E Krysten Sinema é a primeira mulher a ser eleita senadora no estado, tirando o lugar a um senador do Partido Republicano.

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Krysten Sinema vai ocupar o lugar deixado vago por Jeff Flake Reuters/CAITLIN O'HARA

A corrida eleitoral no estado norte-americano do Arizona por um lugar no Senado do país foi vencida pela candidata do Partido Democrata, Krysten Sinema. Ao fim de uma semana de contagem de votos, a diferença entre Sinema e a sua adversária do Partido Republicano, Martha McSally, fixou-se em 38 mil votos num universo com mais de dois milhões de eleitores.

Aos 42 anos, Krysten Sinema é a primeira mulher a ser eleita senadora no estado do Arizona e tira o lugar a um senador do Partido Republicano. É também a primeira vez, desde 1988, que o Partido Democrata vence uma eleição para o Senado no Arizona, um estado com fortes raízes republicanas.

Até à semana passada, o cargo era ocupado pelo senador Jeff Flake, que esteve em foco durante o processo de nomeação do juiz Brett Kavanaugh para o Supremo Tribunal, em Outubro – foi ele quem forçou um adiamento da votação final por uma semana, contra a vontade do seu partido e do Presidente Donald Trump, para que o FBI voltasse a investigar as acusações de abuso sexual contra o juiz.

Flake é uma das vozes mais críticas contra o Presidente Trump no Partido Republicano e não tem desmentido os rumores de que poderá candidatar-se contra ele nas primárias do Partido Republicano para a escolha do candidato à Presidência, em 2020.

Com esta vitória no Arizona, Krysten Sinema é a segunda candidata do Partido Democrata a tirar um lugar no Senado ao Partido Republicano nas eleições da semana passada, depois de Jacky Rosen ter derrotado o senador Dean Heller no Nevada.

Do outro lado, o Partido Republicano venceu em três corridas onde os senadores em exercício eram do Partido Democrata – no Indiana, no Missouri e no Dacota do Norte.

Dois lugares em aberto

Ao todo, e quando falta ainda saber os resultados finais de duas eleições, no Mississippi e na Florida, o Partido Republicano ter 51 lugares no Senado e o Partido Democrata tem 47. Antes das eleições, a maioria do Partido Republicano no Senado era de 51-49.

Mas é difícil que o Partido Democrata vença as duas corridas onde ainda não há vencedores declarados, pelo que o Partido Republicano deverá confirmar o alargamento da sua maioria no Senado.

Na Florida está em curso uma recontagem automática dos votos, depois de a diferença entre os dois candidatos ter ficado em 0,14% após a primeira contagem, com vantagem para Rick Scott, do Partido Republicano.

A atenção recaiu sobre o condado de Broward, onde mais de 20 mil eleitores não escolheram nenhum dos candidatos na corrida ao Senado, apesar de terem votado nas outras eleições, para governador e vários outros cargos locais.

A recontagem serve – não só, mas também – para se perceber se houve algum erro no registo desses boletins, ou se a diferença se deve apenas à decisão dos organizadores de imprimirem a eleição para o Senado numa zona mais escondida, logo abaixo das instruções, no canto inferior esquerdo.

Se foi um erro no registo, o candidato do Partido Democrata e senador em exercício, Bill Nelson, pode vir a beneficiar da recontagem, já que a diferença entre os dois é de cerca de 12 mil votos e no condado de Broward a esmagadora maioria dos eleitores é do Partido Democrata; se foi um problema nas escolhas feitas para o boletim, a contagem inicial não será alterada.

No Mississippi, os candidatos do Partido Republicano e do Partido Democrata vão a uma segunda volta no próximo dia 27, depois de nenhum ter alcançado pelo menos 50% na semana passada. A eleição para o Senado no Mississippi é especial – o senador Thad Cochran, do Partido Republicano, afastou-se em Abril, por motivos de saúde, e é preciso preencher o seu lugar.

Na eleição de 6 de Novembro, a candidata do Partido Republicano, Cindy Hyde-Smith, bateu o seu adversário do Partido Democrata, Mike Espy, por 41,4% contra 40,7%, numa corrida em que outro candidato, Chris McDaniel, também do Partido Republicano, recebeu 16,5% dos votos.

Na segunda volta, é provável que Cindy Hyde-Smith beneficie dos votos dos eleitores de Chris McDaniel e vença o candidato do Partido Democrata, num estado onde Donald Trump recebeu 57,86% dos votos em 2016, contra 40,06% de Hillary Clinton.

Maioria confortável?

Se o Partido Republicano vencer na Florida e no Mississippi, a sua maioria no Senado ficará em 53-47, o que representa um ganho de dois lugares.

Estas contas são importantes para a aprovação de leis controversas ou nomeações para o Supremo Tribunal e tribunais federais.

Como alguns senadores do Partido Republicano são eleitos em estados onde o Partido Democrata também tem muitos eleitores, os líderes da bancada têm de fazer algumas concessões para garantirem os seus votos.

Isso explica, por exemplo, a derrota da proposta para o fim do Obamacare, em 2017, quando três senadores do Partido Republicano votaram contra o seu próprio partido. Com uma maioria de 53-47, por exemplo, o Partido Republicano poderia perder três votos na sua bancada e, ainda assim, vencer uma votação com o desempate do vice-presidente, Mike Pence, que é líder do Senado por inerência.

Nas eleições da semana passada, o Partido Democrata reconquistou a maioria na Câmara dos Representantes e registou ganhos no número de governadores e em outros cargos locais, nos congressos de cada estado.

Mais votos, menos senadores

Quando ainda não estão contados todos os votos, o Partido Democrata teve mais 14 milhões de votos do que o Partido Republicano nas eleições para o Senado, mas pode ficar com ainda menos senadores do que antes.

Isto explica-se, em parte, com a forma como os senadores são eleitos nos Estados Unidos – cada estado tem direito a dois senadores, independentemente da sua população.

Na Califórnia, por exemplo, os quase 40 milhões de habitantes são representados por dois senadores, tal como acontece no Wyoming, que tem 580 mil habitantes. No geral, os estados com menos população, nas zonas rurais, tendem a votar mais no Partido Republicano.

Para além disso, este ano estavam em jogo 24 lugares no Senado ocupados por senadores do Partido Democrata e apenas nove ocupados por senadores do Partido Republicano.

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