Comando distrital da Guarda sai de Faro para Loulé

O autarca da capital algarvia foi apanhado de surpresa: “Fui informado por um telefonema de 30 segundos antes do Verão”, e ficou à espera de uma reunião.

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Enric Vives-Rubio

O comando distrital da GNR vai ser transferido de Faro para Loulé, passando a ocupar um novo edifício a construir junto ao local onde funciona o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) e Base de Helicópteros ao serviço do Estado. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, justificou a decisão com o argumento da centralidade da zona, e a necessidade de “melhoria das condições operacionais” desta força de segurança. Em Lisboa está também prevista a mudança do comando metropolitano da GNR para um concelho vizinho.

À margem da assinatura do protocolo de colaboração entre o Governo e o município louletano, na passada sexta-feira, Eduardo Cabrita, em declarações aos jornalistas, recusou a ideia de estar a contribuir para o esvaziamento da importância da capital do distrito. “Não tem sentido que o comando [da GNR] esteja onde não tem jurisdição”, justificou. A escolha de Loulé, acrescentou, deve-se à “natureza” desta força policial, mais vocacionada para as zonas rurais. O posicionamento físico em locais estratégicos, enfatizou, “tem a ver com a dimensão da estrutura regional”. No mesmo sentido, recordou que, no caso de Lisboa, o comando metropolitano da PSP está no concelho de Loures e quanto ao comando metropolitano da GNR será “muito brevemente anunciada a sua localização, também, num outro concelho que não a cidade de Lisboa”.

O concelho de Loulé, nos últimos tem anos, tem vindo a assumir um conjunto de competências de âmbito regional. De entre os equipamentos anunciados, destaca-se a construção de um edifício para serviços do INEM e o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). “Estamos a criar uma cidadela de segurança junto ao principal eixo regional (Via do Infante), complementar a Faro”, afirmou o presidente de Loulé, Vítor Aleixo, lembrando que os novos serviços, a instalar, “encontravam-se em espaços desadequados para as necessidades”. Em projecto, adiantou, está mais uma obra: “Temos uma candidatura aprovada, no valor de 1,5 milhões de euros, para o alargamento da base de helicópteros”. 

A construção do novo edifício para a GNR em Loulé ainda não tem data para começar. “Está definido o programa funcional, vamos passar à fase de elaboração do projecto”, adiantou Eduardo Cabrita, esclarecendo que a obra deverá custar cerca de dez milhões de euros, comparticipada pelo Ministério da Administração Interna e pelo município.

O ministro disse que comunicou a decisão da transferência do comando distrital da GNRa o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, “previamente, antes mesmo do presidente da câmara de Loulé”. O autarca, social-democrata, questionado pelo PÚBLICO, afirmou: “Ligou-me, num telefonema de 30 segundos, antes do Verão, a informar que estava a pensar transferir dois Comandos da GNR: de Faro para Loulé e outro, acho que na área metropolitana de Lisboa”. O tempo passou sem haver mais conversa. “Fui apanhado de surpresa com a notícia”.

A necessidade do diálogo, defende o autarca, interesse ambas as partes, porque diz ter em carteira “uma série de assuntos” que exigem cooperação institucional. Desde logo, o edifício onde ainda funciona o comando distrital da GNR, propriedade da câmara. No entender de Rogério Bacalhau, a questão de fundo prende-se com o programa da descentralização — uma “bandeira” política de Eduardo Cabrita. “O edifício do antigo Governo Civil está abandonado, a degradar-se, e ando há três anos a tentar que nos seja cedido para recuperar”, critica. Mas há ainda outros serviços como a Repartição de Finanças e a Polícia Judiciária em espaços exíguos, que o município pretende ver com melhores instalações.

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