Advogado de Bruno de Carvalho: detenção é “manifestação de malevolência infinita”

Antigo presidente do Sporting passou a noite detido na GNR de Alcochete. PGR confirma que só será presente a tribunal terça-feira.

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daniel rocha

Bruno de Carvalho, detido este domingo no âmbito da investigação ao ataque à academia do Sporting em Alcochete, passou a noite nas instalações da GNR de Alcochete. Ao PÚBLICO, o advogado do ex-dirigente critica a forma como a detenção ocorreu. “É uma exorbitância, uma manifestação de malevolência infinita”, afirmou José Preto, considerando que Bruno de Carvalho foi vítima de um “tratamento degradante”.

Em resposta ao PÚBLICO, a Procuradoria-Geral da República (PGR) adiantou que Bruno de Carvalho e o líder da Juventude Leonina, Nuno Vieira Mendes (Mustafá), "deverão ser presentes ao Juiz de Instrução Criminal no decurso do dia de amanhã [terça-feira]".

Além da suspeita de terrorismo, o ex-presidente do Sporting é suspeito de “fogo posto, [posse de] arma proibida, intrusão em local vedado ao público”, adiantou o advogado, que confirmou a apreensão de um computador da filha de Bruno de Carvalho.

Questionado sobre o que justificaria uma detenção ao final de um domingo, José Preto disse que “as detenções fora de flagrante delito servem para garantir a comparência de pessoas de quem há motivo para suspeitar que não comparecerão”.

“Há duas semanas eu acompanhei o dr. Bruno de Carvalho ao DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal). O que visámos evitar com isto é o degradante espectáculo público da caça e da exibição da presa. Disseram que quando fosse necessário, notificariam. Aqui tem. O que esta circunstância demonstra é que o objectivo era a humilhação, o carácter vexatório da diligência, em suma o tratamento degradante”, considerou.

José Preto revelou que Bruno de Carvalho deixou a casa acompanhado pela GNR por volta das 22h deste domingo, tendo sido encaminhado para as instalações na Pontinha, “onde fizeram o expediente”. Depois, seguiu para Alcochete, onde chegou por volta da meia-noite.

“Imagine o que é uma família que está pacatamente reunida, entraram em casa dele com um cão rastreador e levam os computadores das raparigas, não sei com que propósito”, voltou a criticar.

"Não estão a respeitar nenhuma regra"

Bruno de Carvalho permanece nas instalações de Alcochete, onde se manterá detido até ser presente a tribunal. Ainda antes da confirmação da PGR de que Bruno de Carvalho só será ouvido na terça-feira por um juiz, José Preto tinha dito ao PÚBLICO que os agentes da GNR o "informaram formalmente e por escrito que [Bruno de Carvalho] será presente ao juiz no dia 13". Mas o advogado admitia que eventualmente a audição ainda pudesse acontecer esta segunda-feira, como chegou a ser noticiado no domingo.

O ex-dirigente do Sporting deverá ser ouvido no Tribunal do Barreiro. “Não estão a respeitar nenhuma regra de competência, o que também me deixa apreensivo. Dizem que suspeitam de terrorismo, que tem uma instância organizacional para ser tratado que é o DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal), mas é o DIAP que está a tratar. O tribunal competente é o tribunal central, uma vez que há diligências em várias comarcas, mas não é o Tribunal Central de Instrução [Criminal]. O corpo policial que deve intervir não é a GNR, mas foi a GNR que apareceu em casa de Bruno de Carvalho”, afirmou José Preto, que conta estar ainda esta segunda-feira de manhã com Bruno de Carvalho.

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