Rui Rio lamenta que a “lealdade” seja um “bem escasso”

Líder do PSD diz que o partido “não é um albergue espanhol onde cabe tudo”.

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LUSA/EDUARDO COSTA

O líder do PSD, Rui Rio, avisou este domingo que um partido político “não é um albergue espanhol onde cabe tudo” e lamentou que a lealdade pareça ser um "bem escasso", relembrando que a génese do PSD são os trabalhadores.

“Um partido político, como eu costumo dizer, não é um albergue espanhol onde cabe tudo. Num partido político cabem aqueles que se identificam com os nossos valores e com os nossos princípios e por isso é que há partidos distintos, com visões distintas”, declarou Rui Rio, durante o seu discurso de encerramento no XIV Congresso Nacional de Trabalhadores Social Democratas (TSD), na Póvoa de Varzim.

Numa intervenção de 40 minutos, Rio fez questão de sublinhar a “lealdade” de Pedro Roque, reeleito este domingo secretário-geral dos TSD, reconhecendo que se trata de um elogio para destacar o que parece ser “bem bastante escasso”.

“O meu testemunho que venho deixar é que a lealdade do Pedro Roque (…) está sempre presente. E isto não devia ser um elogio, mas nos dias que correm temos de elogiar a lealdade, porque é um bem que parece bastante escasso”, disse.

As declarações surgem dias depois de David Justino, vice-presidente do PSD, ter dito na SIC Notícias que “há um conjunto de acções sistemáticas visando o ataque directo à direcção” do partido, e que “não há coincidências” na “sequência de casos” que têm atingido o consulado de Rui Rio – o mais recente sendo a polémica em torno das ausências de José Silvano na Assembleia da República.

Sociais democratas "não são liberais, nem são socialistas"

Na sua intervenção, que se prolongou por cerca de 40 minutos, Rio declarou que as pessoas devem militar no partido com que mais se identifiquem, sublinhando que no Partido Social Democrata “não são liberais, nem são socialistas” e que “direitos dos trabalhadores têm de ser sempre respeitados.

“O capital é importante, mas o trabalho também é. O capital é importante, mas tem de ter regras, mas os direitos dos trabalhadores têm de ser sempre respeitados (…), porque o trabalho tem de ser motivo de libertação, de realização e de felicidade para as pessoas”, afirmava.

Durante o seu discurso, onde fez questão de saudar “o amigo” e “companheiro” Aires Pereira, presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, o líder do PSD fez questão de avisar que o que ia dizer a seguir podia levar a muitas críticas, mas fez questão de partilhar uma “convicção”.

“Não sei se vão todos concordar, mas é da minha convicção mais profunda. Aquilo que para mim é claro é que não é justo quando um administrador ganha 30 vezes mais que o salário médio da empresa que administra. Quando uma empresa progride e pode e deve pagar melhores salários, esses salários têm de ser distribuídos com equidade e com justiça por todos os trabalhadores e não como nós vemos nalgumas empresas em que os lugares de topo e a administração ganham muitíssimo mais do que aquilo que é o salário médio dessa empresa”, comentou.

Na primeira ocasião em que esteve presente no Congresso Nacional de Trabalhadores Social-Democratas (TSD) como presidente do PSD, Rui Rio deixou também uma saudação especial “a todos os militantes dos TSD”, e a “todos os trabalhadores portugueses”, porque, disse, “são os primeiros obreiros da riqueza nacional”.

"A génese do Partido Social Democrata está justamente nos trabalhadores. Eu tenho vindo ao longo destes meses a referenciar a minha preocupação com aquilo que é o afastamento dos partidos e a sociedade”, declarou, assumindo que tem tentando fazer essa “reaproximação”.

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