Mariana Mortágua: "Não vamos colocar condições impossíveis para que alguém rejeite"

Foge à pergunta sobre se sente preparada para ser ministra das Finanças e diz que o Bloco não irá facilitar a vida ao PS apresentando "condições impossíveis" e fáceis de rejeitar

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LUSA/JOSE SENA GOULAO

"Estamos aqui a sério". Mariana Mortágua diz que quando o Bloco afirma que quer ser governo não está a usar apenas uma figura de retórica

Então, está pronta para ser ministra das Finanças de um futuro governo? O Bloco está preparado para ser Governo. Tem propostas, tem capacidade, tem vontade de mostrar ao país que pode fazê-lo. Estamos preparados.

Não me quer responder directamente, mas foi Francisco Louçã, que é fundador do Bloco, que disse que um dia haveria de ser ministra das Finanças… Aqui no Bloco temos uma visão muito diferente do poder do que têm outros partidos, que tem a direita, o CDS por exemplo. Não estamos aqui por ministérios nem por lugares e já o provámos quando recusámos fazer parte do executivo do Partido Socialista. Não fazia sentido. Aquilo que nos vai levar a um Governo são as políticas de esquerda. E eu acho que há no Bloco gente mais do que capaz – entre nós e as pessoas que estão à nossa volta, que agregamos – gente mais do que capaz para todas as áreas. Eu faço parte deste partido, tal como fazem muitas outras pessoas que estão preparadas…

Portanto, na sua opinião o BE tem muita gente capaz para ser secretário de Estado ou ministro? O Bloco tem gente capaz para defender as suas políticas. Nos últimos quatro anos mostrámos essa capacidade técnica, essa vontade de negociar e de propor e também a criatividade para encontrar soluções diferentes daquilo que alguma vez foi pensado que seria possível. Estamos conscientes desse trabalho, com modéstia, com humildade.

A maioria das condições que Catarina Martins colocou como prioritárias para um acordo de Governo não parecem incompatíveis com uma entrada num Governo PS… O que será determinante para o futuro do país é a coragem para tomar decisões. Tomar decisões à esquerda. Chegou o momento de decidir o que queremos fazer com o SNS, chegou o momento de decidir o que queremos fazer com os Correios, com a EDP, com a banca. É neste debate que se coloca o Bloco de Esquerda. Nós queremos fazer política à esquerda, ter um Estado social forte e universal, ter o controlo público dos sectores estratégicos essenciais da economia. Não vamos colocar condições impossíveis para que alguém rejeite. Estamos aqui a sério. Quem quiser fazer política à esquerda será bem-vindo.

O que é que mudou no Bloco de há dois anos para cá? Neste congresso não se falou na reestruturação da dívida… O Bloco mantém as suas propostas. Temos que separar os diferentes planos. Quando em 2015 o Bloco fez um acordo com o Partido Socialista, fê-lo sabendo que tinha 10% dos votos. Não temos a ingenuidade de pensar que 10% dos votos podem determinar a política de um partido que é maioritário. Temos que ter realismo e ver a relação de forças. E é essa relação de forças que nós disputamos. Quanto mais força tiver o Bloco mais longe é possível ir. Fomos longe nestes quatro anos, no salário mínimo, nas pensões… Em muitos aspectos fomos longe mas queríamos ter ido mais, na banca, no código laboral, inclusive na relação com a Europa e os tratados europeus. O que vai determinar até onde é possível ir é a força que o Bloco tiver.

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