Palavras, expressões e algumas irritações: civilização e tourada

O “espectáculo” tourada não irá ver o seu IVA descer de 13% para 6%, como outros. A manutenção deste valor é justificada pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, “não por uma questão de gosto, mas de civilização”. Os PANistas ficaram felizes, mas nem todos os socialistas gostaram.

Numa semana em que muito se escreveu sobre “civilização” e “tourada”, fomos consultar as nossas fontes preferidas: os dicionários (em papel e online).

Para “civilização”, escolhemos este registo: “Conjunto dos conhecimentos e realizações das sociedades humanas mais evoluídas, marcadas pelo desenvolvimento intelectual, económico e tecnológico.”

Para “tourada”, “espectáculo numa arena em que touros bravos são provocados por toureiros ou por cavaleiros para que, investindo contra eles, lhes permitam fazer a lide, isto é, fazer uma série de movimentos, a pé ou a cavalo (sortes), que culminam no domínio do touro e, em alguns casos, na sua morte”.

Este “espectáculo” não irá ver o seu IVA descer de 13% para 6%, como outros. A manutenção deste valor é justificada pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, “não por uma questão de gosto, mas de civilização”.

Os PANistas ficaram felizes, mas nem todos os socialistas gostaram. Manuel Alegre até escreveu uma carta aberta ao primeiro-ministro, em que, além da tourada, também defendeu a caça. Excerto final: “Sim, meu caro António Costa, trata-se de uma tradição cultural e social que é parte integrante da nossa civilização. (…) E é, sobretudo, uma questão de liberdade, que sempre foi a essência e a alma do Partido Socialista.”

André Silva, do PAN, não gostou e disse à Lusa: “Uma reacção já conhecida, normal de alguém que se recusa a ler a sociedade e os valores do século XXI, de quem está fechado à mudança.”

Bagão Félix falou em “assanhadas ‘iniciativas civilizacionais’, com tourada ou sem ela, do solitário PAN e de certa esquerda (mas não toda), armados em polícias taliban de gostos e costumes”.

Em sentido figurado, “uma tourada” traduz-se por “barulheira; tumulto” ou ainda “correria, desordem com muita agitação ou barulho”. Olé!

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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