Despedido pelo Ajax, Keizer quer relançar carreira em Alvalade

Esteve apenas 174 dias aos comandos da equipa principal do clube de Amesterdão, mas deixou excelentes impressões quando liderou os jovens da formação secundária.

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Marcel Keizer inicia funções em Alvalade na segunda-feira MICHAEL KOOREN/Reuters

Foi no Ajax que o novo treinador do Sporting, Marcel Keizer, alcançou, simultaneamente, o pico e o ponto mais baixo da sua carreira como técnico. Tudo em apenas uma temporada e meia. Ao serviço da equipa B do histórico de Amesterdão encerrou a época de 2016-17 como vice-campeão da II Divisão holandesa e a qualidade do futebol praticado levou-o à equipa principal, para uma efémera experiência de 174 dias. Acabaria despedido pelos fracos desempenhos da equipa.

Não se pode dizer que Frederico Varandas não tenha surpreendido o universo “leonino” com a escolha do sucessor de José Peseiro. Um holandês, de 49 anos, com um currículo sofrível e escassa experiência ao mais alto nível competitivo. Mesmo na Holanda só chegou aos escaparates mediáticos quando foi inesperadamente anunciado como treinador do Ajax.

“Quero melhorar a cada dia e espero transmitir isso aos meus jogadores. Eu sou alguém que diz as coisas como são. Bom é bom. Mau é mau. Não gosto de manter a minha própria táctica favorita, mas veja o que é melhor para a equipa”, apresentou-se Keizer na altura. Não convenceu em Amesterdão e o clube iria considerá-lo mais tarde um erro de casting.

“A direcção perdeu a confiança nas suas habilidades [Marcel Keizer e restante equipa técnica, que incluía a antiga glória da formação de Amesterdão Dennis Bergkamp] para cumprir as ambições do Ajax, tendo uma série de maus desempenhos da equipa reforçado a decisão”, justificou o clube, em comunicado, a 21 de Dezembro de 2017, seis meses depois da contratação do técnico, por duas temporadas, mais uma de opção.

O Ajax seguia no segundo lugar do campeonato, a cinco pontos do líder PSV, mas foram os desaires nas restantes provas em que a equipa esteve envolvida a ditarem o destino de Keizer. A formação de Amesterdão fora eliminada nos oitavos-de-final da Taça da Holanda pelo Twente e já tinha sido igualmente afastada prematuramente das competições europeias.

Keizer tinha sido promovido da equipa B, conhecida como Jong Ajax, em Junho desse ano para render Peter Bosz que se transferira para o banco dos alemães do Borussia Dortmund. O bom trabalho ao serviço dos jovens da formação secundária, levaria o director-geral do futebol do Ajax, Edwin van der Sar, antiga estrela do Ajax e da selecção holandesa, a apostar no ainda inexperiente técnico, que lamentaria posteriormente.

“Não estamos confiantes de poder alcançar o nível que estamos à procura para o Ajax desta maneira. Eu arrependo-me disso [da opção Keizer], juntamente com o conselho de administração”, admitiu o antigo guarda-redes, quatro vezes campeão europeu.

Sobrinho de Piet Keizer, que brilhou ao serviço do Ajax, Marcel teve uma carreira discreta também como jogador. Foi formado nas escolas do clube de Amesterdão, que representou durante duas temporadas, tendo alinhado a maior parte da sua carreira como médio ao serviço de emblemas modestos da Holanda. E neste patamar se manteve grande parte do seu percurso de treinador, iniciado há 14 anos.

Após a curta experiência no Ajax, acabou por ter a sua primeira experiência fora da Holanda, já esta época, ao serviço do Aj Jazira, dos Emirados Árabes Unidos (onde fez 15 jogos e registou sete vitórias e três derrotas, deixando o clube em terceiro lugar no campeonato). Iniciará funções em Alvalade na próxima segunda-feira, tendo assinado um vínculo com o Sporting até 30 de Junho de 2021, segundo confirmou na última quinta-feira a Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Sporting à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Nos “leões” irá treinar dois compatriotas, Bas Dost e Luc Castaignos, e uma equipa que, apesar das recentes convulsões, ocupa o terceiro lugar do campeonato, a dois pontos dos líderes FC Porto e Sp. Braga.

Na Holanda é descrito como mais um discípulo da escola do mítico Johan Cruijff, que privilegia o futebol atacante, com qualidade de posse de bola, pressão alta e rapidez de execução. É também conhecido pela forma competente como trabalha e promove jogadores jovens desde os escalões de formação.

E este terá sido o factor decisivo para a sua contratação. Frederico Varandas quer recuperar os pergaminhos da Academia de Alcochete e conta com o holandês para a tarefa. Um processo que leva o seu tempo, algo que raramente se conjuga com a impaciência dos adeptos pelos resultados a curto prazo.

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