Português condenado em Inglaterra a 15 anos de prisão por sexo com homens fingindo ser mulher

Tribunal britânico considerou português culpado de seis crimes de actividade sexual com homens. Duarte fingia ser uma mulher chamada “Ana”.

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fabio augusto

Um português que teve relações sexuais com quatro homens fingindo ser uma mulher foi esta sexta-feira condenado a 15 anos de prisão por um tribunal britânico.

Duarte Xavier, que vai completar 34 anos no domingo, conheceu a sentença no tribunal criminal de Kingston upon Thames, perto de Londres, após ter sido declarado culpado no início de Outubro de seis crimes por actividade sexual com homens com mais de 13 anos, alguns dos quais envolvendo penetração.

Os crimes foram cometidos entre Fevereiro de 2016 e Abril de 2018, quando, em quatro ocasiões, o português usou aplicações de telemóvel e sites de Internet para marcar encontros com homens heterossexuais que iludia, fingindo ser uma mulher chamada “Ana”.

As vítimas, com idades compreendidas entre 26 e 45 anos e cujas identidades foram protegidas pelo tribunal, eram instruídas a usar vendas nos olhos durante os encontros, três dos quais em moradas em Wandsworth, bairro no Sul de Londres, e outro num parque público na mesma área. Antes, “Ana”, prometendo relações sexuais e enviando fotografias provocadoras de mulheres, impunha aos homens uma série de condições, incluindo que usassem vendas nos olhos durante os encontros e que não poderiam tocar no parceiro.

O juiz Michael Hunter descreveu o caso como uma “campanha de mentira para obter relações sexuais, ao fingir que era uma mulher atraente, sexualmente aventureira”. Em vez de ter relações com outros homens homossexuais, o magistrado criticou Duarte Xavier por “escolher deliberadamente ter relações sexuais com heterossexuais” e de o ter feito com um “grau elevado de planeamento cuidado”. Em vez de remorsos, manifestou até “algum grau de desprezo por uma das vítimas”, continuou, e como agravante teve o facto de só ter parado após uma terceira detenção.

A advogada de defesa, Helen Butcher, ainda alegou como circunstâncias atenuantes que Duarte Xavier, natural da Madeira, foi “criado numa sociedade muito conservadora, intolerante com homossexuais” e que a sua orientação sexual foi mantida em segredo, o que foi uma “experiência difícil”. A opção por “relações abertas”, continuou, “não foi, porventura, o melhor modelo” para encontrar parceiros.

A duração da sentença, uma combinação de penas entre quatro e 11 anos por cada um dos seis crimes, a cumprir em simultâneo e consecutivamente, foi justificada pelo juiz como necessária para demover a autoria de outros crimes semelhantes “na era da Internet”.

“Um homem heterossexual enganado a penetrar outro homem deve considerar essa uma experiência horrível”, comentou Hunter, que admoestou a polícia por ter libertado Duarte Xavier duas vezes, após as quais continuou a cometer crimes, sem ter iniciado procedimentos judiciais.

O primeiro encontro conhecido teve lugar em 17 de Fevereiro de 2016 com um homem de 45 anos, a quem “Ana” convidou para um apartamento e instruiu que colocasse uma venda nos olhos à chegada, antes de se encontrarem no quarto. Após iniciar relações sexuais, a vítima apercebeu-se de algo estranho e removeu a venda, descobrindo Duarte Xavier, o que o fez sair do local em fúria.

No ano seguinte, em 15 de Outubro de 2017, um homem de 29 anos contactou “Ana” através de uma aplicação de telemóvel e recebeu a resposta de que esta seria solteira e disponível para “um pouco de diversão”.

Orientado por uma pessoa com uma voz que parecia feminina, a vítima foi levada para um quarto, onde “Ana” começou a fazer sexo oral, mas a vítima removeu a venda e viu Duarte Xavier. Após sair do local, denunciou a situação à polícia, ignorando as mensagens do português a pedir desculpas e a renovar os pedidos para se encontrarem de novo.

Um terceiro incidente teve lugar em 4 de Abril de 2018, quando um homem de 26 anos que colocou um anúncio em busca de relações sexuais com mulheres recebeu uma resposta de uma “Ana” que se identificava como uma mulher de 35 anos e casada.

A vítima compareceu a um encontro numa morada, que à chegada estava completamente escurecida, e, desconfiado, usou a lanterna do telemóvel, percebendo que era um homem que lhe estava a fazer sexo oral, acabando por denunciar o caso à polícia.

Uma quarta vítima, um homem de 29 anos, foi identificada através de registos telefónicos. Num depoimento lido no tribunal na condição de anonimato, a vítima contou como o caso ocorrido há três anos o deixou perturbado e causou um impacto no quotidiano e na personalidade.

Em vez de “feliz e sociável”, passou a sofrer de stress elevado, ataques de pânico, ansiedade e depressão e foi diagnosticado com síndroma pós-traumático, encontrando-se a ser medicado.

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