Marcelo exorta portugueses a "despertarem" e "agirem" contra populismos

Tem sido um tema recorrente nos discursos do Presidente da República: o apelo à acção contra os perigos para a democracia. Num texto para a TSF, Marcelo insiste na mensagem.

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LUSA/TIAGO PETINGA

Apesar de o parecer, Portugal não está fora dos radares dos perigos para a democracia. Com base nesta ideia de que o nosso país não está imune ao que se passa noutros países, mas nunca referindo outros casos, o Presidente da República tem apelado a que os portugueses estejam vigilantes e que ajam contra esses mesmos riscos.

Num texto enviado à TSF, para assinalar o Dia Internacional Contra o Fascismo e Antissemitismo, Marcelo usa os verbos "despertar" e "agir" para insistir na mensagem.

É preciso "despertar, também - despertar para os riscos, sempre presentes, dos chauvinismos, das xenofobias, dos racismos, dos chamados populismos, que hoje parecem, tantas vezes, ter substituído o nazismo e o fascismo de há cem anos". 

Mas mais do que "despertar", é preciso "agir - agir enfrentando as crises económicas, as injustiças sociais, as fragilidades dos sistemas de partidos e dos parceiros sociais, a corrupção das pessoas e das instituições, que minam as democracias e fazem florescer os seus inimigos".

Estas duas ideias têm sido vincadas pelo Presidente da República nos últimos tempos, com bastante frequência e perante as maiores plateias. Ainda esta quinta-feira, no encerramento da Websummit, o Presidente da República apelou ao papel da tecnologia, que "devia ser para a liberdade", nesta luta por um "mundo melhor". Virando-se para a plateia de empreendedores digitais, Marcelo pediu-lhes: "É claro que vocês são, de certa forma, pioneiros, heróis, líderes, no presente e no futuro. Mas não se esqueçam no resto das pessoas e, por favor, ajudem a criar um mundo melhor." E acrescentou: “Esta onda que está a atravessar o globo vai demorar anos. É o contrário da revolução digital. Temos de lutar pelos princípios da revolução digital".

Já no fim-de-semana, no maior desfile militar em democracia, o Presidente tinha cruzado dois dos temas que mais o preocupam na actualidade, o crescimento de populismo e o que se passa nas forças armadas. "Não toleraremos perder-se a paz, ganha com tantas mortes às mãos de aventureiros, criadores de novas guerras. Não toleraremos que se repita o uso das forças armadas, ao serviço de interesses pessoais ou de grupo, de jogos de poder”. Mais tarde acrescentaria: "Estes heróis lutaram pela compreensão contra o ódio, pela liberdade contra a opressão, pela justiça conta a iniquidade, pela Europa aberta contra a Europa fechada, o mundo solidário contra o mundo dos egoísmos, das xenofobias e exclusões. (...) Esses heróis nos convocam a aprender a lição de há cem anos: não toleraremos que se repita a sangrenta divisão da Europa".

A mensagem de que Portugal tem de estar atento ao que se passou há cem anos tem sido recorrente nos últimos discursos do Presidente. Num evento na Universidade Católica, Marcelo Rebelo de Sousa tinha defendido que era preciso, mais do que defender, combater por estes valores contra o "egocentrismo" e a "salvação a sós".

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