Farfetch vê receita a crescer e prejuízo também

Primeiro resultado trimestral comunicado ao mercado após a entrada em bolsa mostra que a facturação bruta continua a crescer acima de 50% ao ano.

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Fernando Veludo/NFactos/Arquivo

A Farfetch fechou o terceiro trimestre com uma facturação bruta de quase 310 milhões de dólares, mais 53% quando comparada com o período homólogo de 2017. A receita cresceu 52,1%. Ainda assim agrava também os prejuízos, segundo as contas divulgadas nesta quinta-feira, em Nova Iorque, após o fecho da bolsa.

É a primeira vez que a empresa fundada pelo português José Neves comunica resultados trimestrais depois de passar a estar cotada em Wall Street. E se a venda de artigos de moda de luxo através da plataforma da Farfetch parece ir de vento em popa, também é verdade que as contas finais continuam no vermelho.

De acordo com os números, o trimestre fechou com 77,25 milhões de dólares de prejuízo. A empresa sustenta que isso se deve ao facto de estar "na fase inicial do ciclo de investimento", explicando assim o crescimento de todas as rubricas de despesas. Os custos com tecnologia duplicaram na comparação homóloga e os custos de negócios com acções foram os que mais cresceram.

Porém, no cômputo geral, a margem bruta também caiu, de 52,6% de há um ano para 51% no trimestre que findou em Setembro de 2018. O que significa por seu lado que a despesa com as vendas cresceu mais do que a receita proveniente das vendas, o que, segundo a Farfetch, se deve em parte a uma redução das receitas cobradas pelo envio dos produtos, devido a uma política mais agressiva de descontos ou "borlas".

Depois de uma Oferta Pública Inicial em que arrecadou perto de 900 milhões de dólares, a empresa chegou ao fim de Setembro com um activo que quase triplicou em relação ao terceiro trimestre de 2017, sobretudo pela disponibilidade de dinheiro e equivalentes.

Apesar do prejuízo final, a facturação da empresa cresceu quase duas vezes mais do que o resto do mercado, salienta o fundador e CEO da empresa, José Neves. 

"Estou extremamente orgulhoso com o progresso que a Farfetch continua a registar em todas as iniciativas estratégicas", afirma no documento enviado ao mercado. 

"Estou encantado com a nossa performance neste trimestre e com o crescimento tanto da facturação bruta como da receita neste período. Este crescimento, aliado com uma maior eficiência operacional vai permitir-nos fazer mais investimentos no futuro para que possamos continuar a conquistar quota de mercado", diz por seu lado o homem que tutela as finanças da empresa, Elliot Jordan.

A empresa já passou a fasquia de 1,2 milhões de clientes activos (contra 855 mil no trimestre homólogo de 2017), tendo processado entre Julho e Setembro quase 663 mil encomendas, com um valor médio de 584,6 dólares (menos do que o valor médio por encomenda de 2017, que foi de 605,2 para o período homólogo).

As acções da empresa fecharam o dia a valer 22,05 dólares, bastante menos do que o máximo de 30,25 dólares que atingiu no final de Setembro, quando entrou na bolsa de Wall Street. Será preciso esperar pela reabertura do mercado na sexta-feira para perceber se os investidores gostam das contas tanto quanto os executivos da empresa.

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