Câmara vai reunir-se com junta, moradores e peticionários por causa do Adamastor

Por enquanto o miradouro está vedado, o que agrada a alguns moradores que dizem sentir-se mais seguros e menos incomodados pelo barulho que ali se gerava. Medina admite que o bairro passe a ter videovigilância.

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Andreia Patriarca

De um lado os que defendem a vedação do Miradouro de Santa Catarina, do outro quem acredita que o Adamastor deve voltar a ser público e teme a “higienização social” daquele espaço. O braço-de-ferro entre os que defendem a vedação e os que contestam as restrições de acesso ao miradouro de Santa Catarina que a Câmara de Lisboa ali pretende implementar continua, o que levou a autarquia a agendar uma reunião para o próximo dia 16 de Novembro, juntando à mesa a Junta de Freguesia da Misericórdia, os moradores e os peticionários que estão contra a vedação. O anúncio foi feito por Fernando Medina na reunião descentralizada que decorreu na sede da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), na rua Castilho, e foi dedicada à audição de munícipes das freguesias de Santa Maria Maior, Santo António e Misericórdia.

Foram vários os munícipes que utilizaram o tempo de que dispunham para dar conta da situação de insegurança na zona envolvente ao miradouro, relatando o assédio constante dos turistas por traficantes de droga e agressões a residentes. “Aquilo é um medo, um terror, onde não temos paz nem sossego”, partilhou uma moradora. 

Para Vigília Lopes, residente da freguesia da Misericórdia e membro da Associação de Moradores "A Voz do Bairro", a vedação do miradouro melhorou o ambiente que ali se vive, afastando alguns traficantes daquela zona. Mas para a munícipe esta medida não é suficiente. Falta fiscalização. “A PSP é insuficiente para uma freguesia tão grande. Não há policiamento”, notou, sugerindo ainda que fosse proibido o consumo de bebidas na rua, mitigando o fenómeno do botellón. Os moradores apontam que, além de as ruas ficarem carregadas de garrafas de vidro, quem bebe na rua acaba por provocar muito ruído, interferindo com o descanso dos que ali moram. 

A presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla Madeira, reconhece que a situação naquela zona tem “piorado”, ano após ano. E, apesar de não estar totalmente convencida de que a solução pretendida pela autarquia — a de colocar um horário de acesso ao miradouro e fechá-lo durante a noite — seja a mais adequada, a autarca reconhece que o espaço deixou de "acordar coberto de lixo e de pessoas drogadas ou embriagadas" desde que foi vedado. 

Carla Madeira ressalvou ainda que os residentes devem ter a “liberdade de circularem na rua onde moram sem serem incomodados por traficantes, pela música alta”.

Fernando Medina reconheceu que no Adamastor tem havido “mais expressão de violência, mais agressividade, mais sujidade”, sendo este um “caso extremo de desequilíbrio entre a qualidade de vida dos residentes e a fruição nocturna". E admitiu que, no que respeita à fiscalização e limpeza das ruas, a câmara tem falhado. 

Para atenuar os episódios descritos pelos moradores, Medina defendeu que é necessária uma maior presença da Polícia de Segurança Pública, que deverá actuar sobre os “núcleos já conhecidos de tráfico de droga”. Em cima da mesa está também a possibilidade de serem instaladas câmaras de vigilância no Bairro de Santa Catarina como foram, por exemplo, no Bairro Alto. 

Medina sublinhou ainda que “nunca esteve, nem estará em causa, o acesso público ao Adamastor”, insistindo que que a solução para o local, terminadas as obras de requalificação do espaço verde, passa pela imposição de um horário de utilização do miradouro, como já acontece, por exemplo, no jardim de Santos que fecha durante a noite. No entender do autarca da capital, esta é a “melhor solução” para o equilíbrio entre a diversão com o descanso dos moradores. 

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