Ministro do Interior da Alemanha desmente que prepare saída da liderança da CSU

Fontes próximas do ainda líder do partido na Baviera disseram que preparará afastamento, mas que quer manter-se no Governo. Pouco depois, um porta-voz desmente, e de seguida, o p´riprio Seehofer. Já uma vez Seehofer “se demitiu da sua demissão”.

Foto
Horst Seehofer quer seguir a acção de Merkel: sair da liderança do partido mas manter-se no Governo CLEMENS BILAN/EPA

Horst Seehofer sai ou não? Mais uma vez o ministro do Interior da Alemanha e líder da União Social Cristã (CSU) protagoniza rumores de afastamento, e mais uma vez, acaba por os desmentir.

Esta quarta-feira, fontes próximas do líder do partido na Baviera e ministro do Interior citadas pelo semanário alemão Die Zeit diziam que Seehofer iria anunciar a sua demissão de líder do partido no fim-de-semana, num encontro da cúpula da CSU (o partido-gémeo da CDU na Baviera) para discutir as candidaturas às eleições para o Parlamento Europeu – onde o bávaro Manfred Weber é o principal candidato à nomeação do Partido Popular Europeu (PPE) e, assim, ao cargo de presidente da Comissão Europeia. Passado pouco tempo, um porta-voz de Seehofer negou, em declarações à revista Der Spiegel, que Seehofer pretendesse demitir-se. E passado mais um pouco o próprio Seehofer, que incialmente não quis comentar a informação, disse ao diário Die Welt que a notícia não era verdadeira, mas recusando responder à pergunta sobre o seu futuro político, declarando apenas um enigmático: "um passo de cada vez".

Mesmo no cenário de saída da liderança do partido, Seehofer quereria, segundo a notícia, manter-se como ministro do Interior. Após o desastre eleitoral da CSU, que nas últimas eleições na Baviera venceu mas perdeu a maioria absoluta e teve um dos piores resultados da sua história, especulou-se que sairia tanto da liderança da CSU como do Governo de Angela Merkel – a sua insistência em discordar com a chanceler sobre o tema da imigração foi vista como uma das razões para o mau resultado eleitoral da CSU.

Esta terça-feira, foi de novo pedida a sua demissão do Governo após a saída do antigo responsável da espionagem interna Hans-Georg Maassen, suspeito de proximidade com a direita radical e a Alternativa para a Alemanha (AfD), depois de virem a público críticas ao Governo feitas num discurso de despedida com outros chefes de serviços de informação interna europeus. Seehofer, que antes sempre protegeu Maassen, é acusado de má avaliação e vários partidos pedem que saia do cargo de ministro do Interior.

Esta não foi a primeira vez que fontes próximas de Seehofer anunciam um afastamento, e a última vez este acabou por não acontecer. Foi no auge da discussão sobre limites à entrada de migrantes e refugiados que Seehofer deu a entender que se demite de ambos os cargos, a sua saída foi amplamente noticiada, mas depois surgiu a informação de que a liderança da CSU não aceitou o afastamento.

O próprio Die Zeit, que dava esta quarta-feira a notícia da intenção da demissão do líder da CSU, comentava que Seehofer “é o homem que recentemente se demitiu e que depois se demitiu da sua demissão”.

O jornal dizia que algo que poderia ter ajudado Seehofer a tomar esta decisão, entretanto recusada pelo porta-voz: o anúncio da chanceler, Angela Merkel, que deixaria a liderança da CDU, sem deixar a chancelaria. Isso abre caminho a que Seehofer possa pretender fazer o mesmo: deixar o partido, mas não o Governo.

O porta-voz disse à Spiegel que Seehofer ainda não tomou qualquer decisão sobre o seu futuro na CSU e que só se pronunciará sobre isso no início da próxima semana, seguindo o calendário que ele próprio se impôs. 

Sugerir correcção
Comentar