Na “final” do Benfica, é o rácio do Ajax que impressiona

Com nove derrotas nos últimos dez jogos da Liga dos Campeões, Rui Vitória tem pouca margem de manobra. Apenas uma vitória sobre os holandeses mantém as “águias” na luta pelos oitavos-de-final.

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LUSA/OLAF KRAAK

O discurso voltou a ser redondo, mas após três derrotas consecutivas, algo nunca visto no consulado de Rui Vitória no Estádio da Luz, o treinador ribatejano inverteu o rumo. Depois de nas últimas semanas as conferências de imprensa do Benfica se terem centrado nos feitos e na personalidade do seu técnico, desta vez Vitória tentou fugir do centro do palco e insistiu que o “importante, nesta altura, é o Benfica”. Com nove derrotas nos últimos dez jogos disputados na fase de grupos da Liga dos Campeões, as “águias” jogam esta noite (20h, TVI) sob pressão uma “final” contra o Ajax, uma equipa com um rácio que impressiona: nas últimas nove partidas, os holandeses venceram oito jogos e empataram um (em Munique, contra o Bayern), com um total de 28 golos marcados e apenas um sofrido.

Há duas semanas, em Amesterdão, foi apenas um “pormenor” que “fez a diferença”, assegurou ontem Rui Vitória, mas o golo do marroquino Mazraoui, no minuto 92, desencadeou uma tormenta no Benfica cujos estragos (ainda) estão por avaliar. Com a derrota na Holanda frente ao Ajax na 3.ª jornada da Liga dos Campeões e os dois desaires no campeonato diante do Belenenses e do Moreirense, a contestação ao treinador dos “encarnados” atingiu níveis nunca vistos, mas “mais do que questões do Rui Vitória e do presidente”, “é fundamental o apoio” que os adeptos devem “dar à equipa”.

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Com um discurso formatado, Vitória tentou, com a mensagem que transmitiu para o exterior, que o mau momento não se traduza em instabilidade: “É importante a equipa ter a tranquilidade para trabalhar. Sentimos esse peso por parte do adversário. Reflectimos, analisámos e trabálhamos com qualidade e sinto aquilo que os jogadores sentem. Temos a noção do momento, da importância do jogo e uma das formas é enfrentar estes momentos. Ter coragem para ir em frente.”

Vitória, no entanto, apesar da “racionalidade” pedida, sabe que terá pela frente um rival com os índices de moral no extremo oposto. Liderado por Erik ten Hag, sucessor de Marcel Keizer, o provável futuro treinador do Sporting, o adversário do Benfica tem impressionado esta época pelo futebol de ataque, bem à imagem do Ajax de Jack Reynolds, Rinus Michels e Johann Cruyff.

Com 48 anos e confesso adepto de Pep Guardiola, com quem conviveu em Munique durante duas épocas quando era treinador da equipa B do Bayern, Erik ten Hag tem privilegiado o 4x2x3x1 como esquema táctico, com Van de Beek, Hakim Ziyech e Dusan Tadic em movimento constante, o que condiciona muito a estratégia dos adversários.

Apesar de o PSV já ter mostrado que este Ajax é falível (na única derrota sofrida esta época, Erik ten Hag foi batido por 3-0 pelos campeões holandeses), o desaire em Eindhoven foi a excepção que confirma a regra. A nível interno, a equipa de Amesterdão tem passeado e, excluindo o jogo com o PSV, venceu os últimos 11 jogos, com um total de 39 golos marcados e nenhum sofrido. Na Europa, onde o nível de exigência é obviamente superior, este Ajax também tem impressionado.

Para alcançarem a Liga dos Campeões, os holandeses tiveram de ultrapassar três eliminatórias, tendo deixado pelo caminho Sturm Graz, Standard Liège e Dínamo Kiev sem derrotas: quatro vitórias e um empate. Garantido o objectivo de chegar à fase de grupos, o Ajax não falhou ainda em Amesterdão, onde bateu o AEK (3-0) e o Benfica (1-0), mas foi em Munique que deu uma prova inequívoca de audácia e qualidade: o empate a um golo com o Bayern foi claramente um resultado lisonjeiro para os bávaros.

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