Costa vai promover secretários de Estado a ministros

A aposta é na renovação geracional e em novos quadros políticos que ganharam experiência e maturidade.

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Ana Catarina Mendes deverá integrar o Governo se o PS vencer as legislativas Rui Gaudencio

A remodelação de 14 de Outubro foi um sinal dado pelo primeiro-ministro, António Costa, ao nomear ministra da Cultura Graça Fonseca, que era até aí secretária de Estado adjunta e da Modernização Administrativa. A promoção a ministros de vários dos actuais secretários de Estado deverá ser uma das novidades do Governo de António Costa na próxima legislatura, se o PS ganhar as eleições.

À semelhança do que fez António Guterres quando era primeiro-ministro, a ideia do actual líder do PS é a de apostar em gerações abaixo da sua e assim garantir a renovação etária anunciada no Congresso de Maio. Hoje, António Costa está com 57 anos e pretende que as listas eleitorais socialistas às legislativas sejam preenchidas pelas gerações mais novas.

Uma tendência que será também aplicada à formação do Governo. Isto porque, de acordo com um responsável do PS ouvido pelo PÚBLICO, há consciência no núcleo-duro de António Costa de que foi um erro para a formação de quadros e de massa crítica no partido o facto de José Sócrates não ter promovido secretários de Estado a ministros. A nomeação do ex-líder da JS, João Torres, de 32 anos, como secretário de Estado da Defesa do Consumidor é outro sinal dado por António Costa de que pretende apostar em “pessoas na casa dos 30, como Guterres fez”.

Mas não são só socialistas que estão já na equipa governamental que irão ser puxados para liderar ministérios. Haverá também dirigentes socialistas que deverão estrear-se logo como ministros. É o caso de Ana Catarina Mendes, de 45 anos e secretária-geral adjunta, bem como de Duarte Cordeiro, de 39 anos e vereador na Câmara de Lisboa e presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS. Outro nome dado como possível no elenco governamental é o deputado e presidente da Junta do Lumiar, em Lisboa, Pedro Delgado Alves, de 37 anos, neste caso como secretário de Estado.

Os ministeriáveis

Enquanto Graça Fonseca, agora com 47 anos, deverá continuar como ministra da Cultura ou de outra pasta - já que a polivalência do seu perfil político possibilita que António Costa a puxe para outra área difícil -, o actual secretário de Estado Pedro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, de 41 anos, é dado como ministro após as legislativas.

Mas há mais. Poderão surgir como ministros na próxima equipa governativa a secretária de Estado adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, de 45 anos, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, de 46 anos, o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, de 46 anos, a secretária de Estado adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, de 59 anos, o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, de 47 anos, a secretária de Estado adjunta do primeiro-ministro, Mariana Vieira da Silva, de 40 anos, e o secretário de Estado adjunto do Orçamento, Mourinho Félix, de 44 anos.

Também ministeriável é Marcos Perestrello, de 47 anos, que deixou a Secretaria de Estado da Defesa após a demissão do ministro Azeredo Lopes. Marcos Perestrello voltou ao Parlamento, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, apenas porque António Costa tem como regra que um secretário de Estado nunca substitui um ministro com quem trabalha se este se demite.

João Galamba, que aos 42 anos se estreia como secretário de Estado da Energia, não deverá ser ministro no arranque do próximo Governo do PS, já que só agora integrou a equipa.

Quem é visto como senhor de um desempenho de “sucesso absoluto” à frente da Secretaria de Estado do Orçamento é João Leão, de 44 anos. O seu sucesso é tal que é visto como imprescindível neste lugar. Este ano protagonizou a discussão do Orçamento do Estado com os ministros e Mário Centeno confia tanto nele que “assina sem pestanejar os despachos que ele prepara”, relatou um membro do Governo ao PÚBLICO.

A afirmação de João Leão tem sido progressiva, mas já na discussão de um anterior Orçamento, quando um ministro levantou o tom de voz e a veemência argumentativa na defesa de mais dinheiro para o seu sector, João Leão manteve a calma, deixou-o acabar e, em tom baixo, cordato e civilizado, mas firme, respondeu: “Se isto derrapa, o Governo cai. Por isso, não há mais dinheiro.”

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