Obama e Trump tornam-se protagonistas no fim da campanha para as intercalares

Presidente e ex-Presidente fizeram comícios no domingo, evidenciando as divergências profundas entre democratas e republicanos para as eleições de terça-feira.

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Barack Obama Reuters/JOE SKIPPER
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Donald Trump EPA/DAN ANDERSON

Em vésperas das eleições intercalares nos Estados Unidos, os dois grandes partidos apostaram nas suas principais figuras para tentar amealhar mais alguns votos para as disputas mais renhidas. Separados por 1200 km, Donald Trump e Barack Obama subiram domingo ao palco para a apregoarem duas visões drasticamente distintas do que deve ser a política americana para os próximos dois anos – até às presidenciais de 2020. Em comum, apenas um ponto: as eleições desta terça-feira são as intercalares mais importantes das últimas décadas nos EUA.

Em Gary, no estado norte-americano do Indiana, o antigo Presidente defendeu que os EUA estão numa “encruzilhada” e que o que está em causa nesta votação é o “carácter da nação”. Já em Macon, Geórgia, Trump apelou ao voto no Partido Republicano para impedir que o Partido Democrata destrua o trabalho da sua Administração. Obama tinha estado na Geórgia um dia antes, para promover a candidatura da democrata Stacey Abrams a governadora, que se ganhar entrará para a história como a primeira mulher afro-americana a chegar ao cargo nos EUA.

“Esta eleição vai decidir se queremos continuar a construir sobre as extraordinárias perspectivas que criámos ou se preferimos que os radicais democratas lancem uma bola de demolição contra o nosso futuro e a nossa economia”, resumiu o Presidente.

De acordo com as sondagens, os democratas estão bem posicionados para garantir os 23 lugares necessários para recuperar a maioria na Câmara dos Representantes. No que ao Senado diz respeito, tudo aponta para que os republicanos mantenham a actual maioria, uma vez que dos 35 lugares em jogo, 26 são democratas e apenas nove são do partido de Trump.

Sem nunca referir o nome do chefe de Estado, Obama denunciou a política “desagregadora” e “mentirosa” do seu sucessor e instou os eleitores a castigarem quem preconiza este tipo de estratégia. 

“Actualmente vemos políticos a mentir de forma descarada, repetida, categórica e desenvergonhada. Limitam-se a inventar coisas”, acusou o democrata, num comício de apoio ao senador Joe Donnelly. “Tem de haver consequências para quem não diz a verdade. Porque quando as palavras deixam de ter significado e as pessoas simplesmente mentem, a democracia deixa de funcionar”, acrescentou Obama.

O ex-Presidente disse ainda que a Administração está a colher os louros da política de recuperação económica iniciada pelos democratas e criticou a insistência de Trump em diabolizar o grupo de imigrantes oriundos da América Central que marcha em direcção aos EUA para pedir asilo. “Há duas semanas que nos andam a dizer que a principal e maior ameaça para os EUA é um grupo de refugiados pobres, carenciados e famintos que se encontram a mil milhas de distância”, lamentou Obama.

Em Macon, Trump usou o exemplo da democrata Stacey Abrams – que concorre contra o republicano Brian Kemp para o cargo de governador da Geórgia – para dar corpo à visão sobre o país que há muito apregoa, sugerindo que ela vai transformar aquele estado “numa Venezuela”.

“Stacey Abrams quer transformar este lindo estado no santuário gigante para criminosos estrangeiros, colocando as inocentes famílias da Geórgia à mercê de perigosos bandidos e predadores”, afirmou o Presidente.

É difícil perceber até que ponto é que a participação de Barack Obama e de Donald Trump durante a campanha contribuiu para a mobilização do eleitorado. Mas a verdade é que a participação pode ser uma das maiores das últimas décadas. Segundo as projecções da Election Project da Universidade da Flórida, até domingo tinham votado antecipadamente mais de 34 milhões de eleitores – em 2014, a participação através desta modalidade de votação situou-se nos 20 milhões.

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