Ribau Esteves critica isenções de IMT dadas pelo Governo

Câmara de Aveiro já perdeu 1,5 milhões de euros por força das decisões tomadas de forma “unilateral” pelo Executivo de António Costa.

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O Município de Aveiro queixa de perda de receitas que lhe fazem falta Sérgio Azenha

O presidente da Câmara de Aveiro critica a opção do Governo de atribuir, de forma “unilateral”, isenções de IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis). Ribau Esteves diz que só o seu município já perdeu, este ano, um montante na ordem dos 1,5 milhões de euros. “O Governo tira-nos IMT”, acusa o autarca eleito pela coligação PSD-CDS-PPM, falando no caso específico de uma empresa privada “que pagou 230 mil euros de taxas à câmara por licenciamento e à qual o Governo isentou do pagamento de 1,34 milhões de euros de IMT".

Ribau Esteves faz ainda questão de apontar o dedo ao facto de estas decisões serem tomadas “sem consultar ou ouvir” os municípios. “Sendo claro que, nesse caso que referi, se o Governo nos perguntasse seríamos contra”, revela. “Então uma empresa que está a investir largas dezenas de milhões de euros precisa de uma ajudinha da câmara de 230 mil euros?”, questiona.

As críticas do líder da autarquia aveirense sobem de tom quando compara a forma com que o Governo toma estas decisões com as obrigações a que o município a que preside está sujeito. “Se fosse a câmara de Aveiro tinha de ir pedir licença para o fazer. Se quiséssemos isentar a taxa de licenciamento, tínhamos de ir pedir ao FAM, com um estudo que demonstrasse as valias socio-económicas da isenção, mas como é o Governo, decide isentar 1,34 milhões de euros e está decidido”, contrapõe.

Os reparos foram deixados durante a discussão das Grandes Opções do Plano e Orçamento da câmara de Aveiro para 2019. Uma reunião que ficou ainda marcada pela aprovação do pacote fiscal para o próximo ano. Além da já anunciada redução do IMI (passa de 0,45 para 0,4%) e da reintrodução do IMI Familiar, foi também deliberada a aplicação de uma majoração da taxa de IMI em 10% a aplicar aos prédios urbanos degradados (como instrumento de pressão para a reabilitação).

O executivo camarário aprovou, ainda, uma redução de 15% no tarifário de resíduos urbanos, face ao valor cobrado em 2018. A maioria PSD-CDS-PPM justifica esta decisão com base na poupança trazida pela entrada em operação da nova empresa de serviços de recolha de resíduos sólidos e urbanos e limpeza urbana. Segundo fez saber a autarquia, “com preços mais baixos do que o anterior operador, tornou-se possível, também nesta área, a redução da carga fiscal dos munícipes”.

O novo operador, a empresa Veolia Portugal S.A., começou a trabalhar no passado dia 1 de Outubro, estando também já resolvido, segundo a autarquia, o litígio com o anterior prestador, a SUMA - Serviços Urbanos e Meio Ambiente. Foi alcançado um acordo que garante “o fim de todos os processos judiciais em curso e a estabilidade do contrato em vigor”.

Câmara recompra terrenos da Fonte Nova

A autarquia aveirense vai recomprar os lotes de terreno do Plano de Pormenor do Centro (Cais da Fonte Nova) à Caixa Leasing e Factoring – Instituição Financeira de Crédito, S.A.. Os lotes em questão tinham sido adquiridos, em Abril de 1999, com recurso ao leasing bancário. Com a operação de recompra de onze parcelas, aprovada na última reunião do executivo, a autarquia poderá “estancar os encargos financeiros recorrentes do leasing, em mais uma importante operação para a estabilidade financeira e pagamento de dívida da câmara municipal de Aveiro”.

Segundo recorda o gabinete do presidente, de acordo com o definido no contrato PAM, a receita gerada com medidas não previstas no programa, nomeadamente aquela que ocorrer da venda de bens de investimento, deverá ser utilizada na redução extraordinária da dívida total do município. E atendendo a que até ao final de Setembro “houve lugar à cobrança de um quantitativo de receita relativa à venda de bens de investimento que se considera elegível para efeitos do cumprimento no contrato PAM”, no montante total de 2,4 milhões de euros, o executivo decidiu avançar com a proposta de recompra dos lotes da Fonte Nova. 

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