Um ministro sem vergonha!

As razões da minha indignação perante a sobranceria moral do ministro Vieira da Silva.

Há alturas na vida em que é impossível ficar indiferente aos factos ou às palavras. Foi o que aconteceu no debate de encerramento da discussão do Orçamento do Estado de 2019 na generalidade. Como pode Vieira da Silva acusar o Governo de Pedro Passos Coelho de não ter retirado o país do procedimento por défice excessivo e afirmar que o atual Governo, esse sim, é que lutou empenhadamente por Portugal?!

Até parecia um estadista?! Esqueceu-se, foi, da bancarrota em que deixou o país?!

Todos conhecemos o currículo político de Vieira da Silva. Tem, no seu, pelo menos seis anos como ministro dos governos socialistas de José Sócrates, ainda hoje, sob suspeita e em investigação pela justiça. Ora, quem integrou governos de José Sócrates (e não são poucos os membros deste Governo) deveria ter um pouco mais de decoro quando se refere ao legado deixado pelo Governo do PSD/CDS, liderado por Pedro Passos Coelho. Eles, melhor do que ninguém, sabem exatamente o que foi feito nesse período e Vieira da Silva mais ainda, pois chefiou as pastas da Segurança Social e da Economia com os resultados miseráveis que todos bem conhecidos e que, em grande parte, são as razões da minha indignação.

Os portugueses ficar-lhe-iam bem mais reconhecidos se, ao invés de fazer comícios parlamentares e de procurar retirar louros de uma situação que já por si não é verdadeira, tivesse evitado que o país caísse em incumprimento nos seis anos em que esteve o Partido Socialista no governo com José Sócrates. Isso sim, seria um ato nobre! Fica muito mal a um ministro da República mentir no Parlamento e ignorar a nota do Eurostat, relativa às contas de 2015. Nela se salienta que, sem as medidas extraordinárias de apoio à banca (Banif; 1,6% do PIB), o défice de 2015 é de 2,8% do PIB. Senhor ministro, que grande lata a sua... imagine que herdava um país com um défice de 11,2% e o entregava com 2,8%? Que grande seria a festa, pá!

Vieira da Silva é isto: um misto de desonestidade intelectual e de dissimulação política.

Basta! Exige-se mais decência na vida pública! Os portugueses estão cansados de ser insultados!

Não nos esquecemos nem braqueamos a pegada socrática de Vieira da Silva. É que o mesmo Vieira da Silva que hoje tenta vestir a pele de estadista é aquele que, em 2009, enganou os portugueses com o aumento do abono de família, a melhoria nas deduções fiscais para as famílias, a baixa do IVA de 21% para 20%, os aumentos para a função pública superiores à inflação e o aumento do salário mínimo para 450 euros, entre outras benesses... para no ano seguinte às eleições, em 2010, dar o dito pelo não dito e aplicar cortes nos vencimentos entre 3,5% e 10%, aumentar o IVA de 20% para 23%, congelar o ordenado mínimo e as pensões mais baixas, reduzir os beneficiários do abono de família e congelar os escalões mais baixos, aumentar as contribuições para a CGA e impor limites às deduções fiscais em saúde e educação. E o melhor de tudo, aprovar em Conselho de Ministros as condições do resgate financeiro do país no valor de 78 mil milhões de euros, sem dúvida, o seu maior contributo como ministro para a duplicação da dívida pública portuguesa em seis anos de Governo.

Por tudo isto e muito mais, nunca ficaremos indiferentes à sobranceria moral do ministro de Sócrates e António Costa. Nunca permitiremos que brinque com o esforço e os sacríficos que os portugueses fizeram para recuperar o país do desvario dos governos socialistas de que foi protagonista e cúmplice. Nunca aceitaremos que a sua falta de sentido de Estado apouque o trabalho sério e rigoroso de todos os que ajudaram a recuperar a credibilidade internacional do país que tanto jeito tem dado ao atual Governo.

Perante os factos e como diz o povo: “Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu.”

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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