Na Rua de São Paulo semeia-se o CAOS em forma de cocktails

No que fora uma antiga pizzaria, nasceu um bar que quer afirmar-se como uma alternativa à oferta de bebidas que há na zona.

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Ao fundo da Rua de São Paulo, no Cais do Sodré, Francisco Breyner, de 24 anos, deu azo à criação e abriu um bar de cocktails “com uma pequena pitada de loucura”. CAOS, de seu nome, resulta de um trocadilho com Cais do Sodré. Mas, mais do que isso, o jovem formado em Gestão de Marketing acredita que fazia falta à zona ribeirinha da cidade um espaço “que apresentasse bebidas de qualidade e que não vendesse, simplesmente, cerveja a 50 cêntimos ou misturas de limas, hortelãs e açúcares”. Breyner queria um espaço diferente para que quem ali acorresse fosse surpreendido — e assim nasceu o bar onde o caos é a palavra de ordem.

“Essa é uma palavra com a qual me identifico bastante. É que aqui consigo criar coisas que não têm espaço noutro lado.” Apesar da tenra idade, Francisco conhece bem os meandros do mundo da restauração: em 2016 abriu o Sr. Lisboa, um restaurante de comida portuguesa onde a arte de petiscar é rainha.

No seu novo bar, a carta ficou a cargo de Daniel Luís, o barman residente. E, para adensar a confusão, pediram emprestada a Salvador Dalí uma máscara que ficou famosa na série A Casa de Papel, e com a qual servem o Special K (10€), uma bebida que vem acompanhada de um pó que adormece a boca ao ser ingerido através de uma palhinha. “Foi muito controverso na altura em que abrimos e rapidamente se tornou um ícone da casa”, conta.

Daniel tem laivos de artista no que toca a cruzar diferentes tipos de bebidas e frutas. O Piñ8cho, outra bebida no cardápio, é uma criação sua, tendo por base sumo de ananás e rum Bacardi 8. A “piña” vem do ananás e o rum número oito pede emprestado o estrangeirismo de nuestros hermanos para o “ocho”. Desta verdadeira invenção, surgiu uma das bebidas que está na corrida para representar Portugal no maior concurso mundial de cocktails, o Bacardi Legacy. Actualmente é um dos três cocktails finalistas a nível nacional. 

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Na lista de espirituosas destaca-se ainda o Monkey Nuts (12€), um puré de pêssego, licor de sabugueiro, lima, menta e gingerbeer servido num copo em forma de macaco e que, segundo o proprietário, é também um dos ex-líbris da casa. Em relação ao afamado Special K, diz, “há gente que aparece e pergunta ‘o que é esse cocktail que tem um pó à volta?’”. Para descobrir, só mesmo provando, garante.

A decoração, onde o ferro é dominante, inspirou-se na história marítima da zona e na tentativa de recriar o casco de um barco. As madeiras escuras e densas fazem lembrar os materiais das embarcações antigas que do Cais do Sodré levantavam âncora, com direcção ao oceano. Percorrendo o bar, e olhando com atenção, vão-se ainda encontrando aparelhos marítimos e umas cabines telefónicas muito antigas, repescadas em lojas de antiguidades, que dão a sensação de serem escotilhas de um navio.

A actividade cultural do CAOS não deixa nada a desejar comparada com a variedade de bebidas disponíveis. Desde Julho, o mês de abertura, por lá já passou o baixista da banda de Gabriel O Pensador; houve declamações de poesia, e fica a promessa de novos programas culturais, que serão em breve anunciados. “Queremos investir em programas diferentes”, assegura.

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Os DJ do bar, gaba-se Francisco Breyner, “só passam música em discos de vinil” e, caso os clientes queiram, é possível levarem os seus discos preferidos e pedirem que os passem ao longo da noite. Os disc-jockeys do espaço farão questão de os passar no momento indicado.

Texto editado por Sandra Silva Costa

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