Facebook admite "estar perto da saturação nos países desenvolvidos"

Para o co-fundador e director da rede social, o futuro passa pela transição do feed de notícias para as mensagens privadas e "efémeras", num momento em que os utilizadores dos "países em desenvolvimento" são os principais aderentes à plataforma.

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Mark Zuckerberg diz que o futuro são as mensagens privadas e "efémeras" Reuters/Charles Platiau

Mark Zuckerberg alertou os investidores para um crescimento mais lento da rede social nos próximos anos, face às novas leis sobre a privacidade dos utilizadores, a tendência para a escolha de formas de comunicação mais privadas, e o crescimento desacelerado no que diz respeito a novos utilizadores na Europa e na América do Norte.

Numa conferência após a divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre de 2018, que terminou em Setembro, o director executivo e co-fundador do Facebook apresentou alguns desafios a ultrapassar. Após um ano de escândalos ligados a quebras de privacidade dos utilizadores, à queda dos preços das acções e à saída de membros da equipa, Zuckerberg disse que levará “algum tempo” até que as receitas da publicidade se adaptem à mudança de comportamento dos utilizadores.

De acordo com o relatório financeiro publicado, as receitas da rede social cresceram 33% em relação ao mesmo período do ano passado. Contudo, em comparação com o trimestre anterior, em que o crescimento foi de 42% em relação ao período equivalente em 2017, deu-se uma descida significativa.

Em comunicado na sua página do Facebook, Zuckerberg disse que o mercado da empresa na Europa e na América do Norte pode “estar perto da saturação”, já que a rede social perdeu, por dia, um milhão de utilizadores activos na Europa, devido à nova lei de protecção de dados, e ganhou apenas umas centenas de milhares de novos utilizadores nos EUA e no Canadá. Revelou ainda que o futuro da rede social depende dos utilizadores dos “países em desenvolvimento”, que estão a aderir aos seus serviços mais do que nunca.

O futuro do Facebook passa também por transitar do feed de notícias tradicional, onde as publicações são permanentes, para mensagens privadas e serviços semelhantes ao das “histórias” da aplicação Instagram, comprada pelo Facebook em 2012. Zuckerberg acredita que o seu carácter efémero é o futuro, ainda que de momento seja menos lucrativo pela falta de publicidade: “As pessoas sentem-se mais confortáveis para ser elas mesmas quando sabem que o seu conteúdo vai ser visto por um grupo mais pequeno de pessoas, e quando sabem que não vai ficar visível para sempre”.

Quando à segurança, Zuckerberg confessou que a rede social esteve “um passo atrás do necessário” em 2016, quando foi acusada de inundar a eleição presidencial dos EUA com desinformação, mas que estão a investir na construcção de novos sistemas de inteligência artificial e na contratação de moderadores humanos para detectar conteúdos impróprios. “Estamos a lutar contra adversários sofisticados que vão continuar a evoluir. Estes não são problemas que solucionamos de imediato, são problemas que aprendemos a controlar”, afirmou.

O co-fundador da rede social disse que o Facebook eliminou grupos da Rússia e do Iraque que utilizavam a plataforma para influenciar as eleições nos EUA e no Reino Unido, e que conseguiram fazer o mesmo com as recentes eleições no Brasil. Face as eleições intercalares nos EUA, Zuckerberg adiantou que “veremos tudo de bom e mau que as pessoas conseguem fazer”.

“Melhorámos significativamente a nossa segurança, mas ainda há muito a fazer”, concluiu.

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