A galeria, a broxada e a nova arte dos Glockenwise

Esta semana, o canal Videoclipe.pt destaca Moderno dos Glockenwise.

Para quem segue com regularidade o site do Público e, em particular, no P3 a única galeria em Portugal dessa arte de dar forma audiovisual a um tema musical — que nós, VIDEOCLIPE.PT, aqui fazemos a curadoria semanal — deve ter pensado se aqui não terá havido censura. Pois, há vários meses que nada era exibido. Talvez perguntando: Será que o curador era pago? Ou teria sido demitido? Alguma palavra mal colocada? Ou ter ficado por colocar? Porém, se as redes sociais não bradaram a insipiência, e os “tudólogos” afinal nada souberam dizer, é porque nada aconteceu. Simples.

Na verdade, nós somos aquela instituição mais exemplar que há em Portugal: o computador do conselho de administração deu o badagaio e, simplesmente, não tivemos mecenas nem conselho superior que se chegasse à frente cheio de tusa ou de tusto. Logo, não broxamos, como dizem os brasileiros, e fomos de férias para o Brasil até que um novo caísse do céu ao preço da chuva. E chegada a dita, essa maldita mas democrática, cá estamos.

Como vinha sendo hábito no processo, escolhemos um dos vídeos que as pessoas adicionaram na nossa plataforma durante a última semana, no caso, este Moderno com que os barcelenses Glockenwise anunciam para breve a edição do seu quarto álbum de originais, de nome Plástico. Não referente ao produto agora proscrito do planeta que se quer moderno, mas antes referente à plasticidade. Seja como jogo de cintura social, ou como jogo de moldura musical.

Modelação plástica, artes plásticas, enfim, coisas sofisticadas. Outras subtilezas, portanto, tal como no vídeo (chegou-nos sem a autoria) e na letra é subtil a paródia do cool — essa palavra que os modernos dizem em vez de “fixe”. Portanto, adeus banalidades de vídeos bem abanados com a banda a tocar para as meninas na piscina. Porque eles agora cantam em português, têm coros estranhos e o som denota uma irreverência mas mais articulada do que o anterior e imberbe garage-rock de aguçado sentido pop.

E quanto à nova imagem, uns pós-modernistas. Citam o Klein, e tudo tem cor de azul FCP (clube de todo pai moderno, empreendedor e divorciado). E alguém até dirá que citam a Helena Almeida, porque lhe lembra as pinceladas grossas em fundo monocromático. Ao qual nós explicamos que será mais correto dizer “broxadas” porque um pincel grosso é uma broxa. E o leitor dirá, oh!, que curadoria!, e virá com certeza a esta galeria todas as semanas a cada nova vernissage.
 

Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.