Morreu James “Whitey” Bulger, o gangster de Boston que enganou o FBI

O criminoso tinha 89 anos e foi encontrado morto na prisão. As primeiras informações indicam que terá sido assassinado na Penitenciária Federal Hazelton, na Virgínia Ocidental.

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James “Whitey” Bulger esteve em fuga durante 16 anos LUSA/FBI HANDOUT

Durante 16 anos, James "Whitey" Bulger escapou às autoridades norte-americanas. Foi detido em 2011, aos 81 anos. O gangster de Boston, como era conhecido, foi considerado culpado de 11 homicídios e 30 delitos relacionados com crime organizado, incluindo extorsão, lavagem de dinheiro e tráfico de droga. Esta terça-feira, com 89 anos, foi encontrado morto na prisão federal de Hazelton, na Virgínia Ocidental.

Terá sido assassinado pouco depois de ter sido transferido da Flórida. As razões da sua transferência não foram esclarecidas.

O FBI vai investigar o crime na prisão, informou uma porta-voz do Departamento de Justiça, Stacy Bishop, citada pelo Boston Globe. De acordo com o mesmo jornal, terá sido  outro recluso com ligações à máfia de Boston o responsável pela morte de Bulger. 

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Foi detido em 2013 US MARSHAL'S SERVICE

“Este é o terceiro crime em sete meses nas nossas instalações”, afirmou um representante de um sindicato local de guarda-prisionais, Richard Heldreth, citado pelo Boston Globe, queixando-se da falta de agentes nas instalações prisionais.

Quem era "Whitey"?

"Whitey" (branquela) era uma referência ao tufo de cabelo loiro platinado que tinha desde jovem. Filho de imigrantes irlandeses, "Whitey" Bulger cresceu nos bairros de lata do Sul de Boston. Foi lá que se tornou no homem mais temido da cidade. O seu irmão mais novo, William Bulger, tornou-se um dos mais influentes políticos democratas de Massachusetts, onde durante 17 anos foi o presidente do Senado.

"Whitey" Bulger não levantava suspeitas: no seu bairro, ajudava idosos a atravessar a estrada e distribuia peru pelos vizinhos no dia de Thanksgiving (Dia de Acção de Graças). Mas a realidade escondia um cenário distinto: Bulger matava a sangue-frio. Entre os seus crimes estão o estrangulamento de duas mulheres, alvejar dois homens na cabeça depois de amarrá-los a cadeiras e interrogá-los durante horas. De acordo com os testemunhos ouvidos no julgamento, Bulger dormia uma sesta enquanto outros limpavam os locais dos crimes. Às vítimas eram removidos os dentes para que não pudessem ser identificadas.

Antigo líder do grupo de crime organizado Winter Hill Gang, foi um dos maiores criminosos norte-americanos e protagonizou um dos maiores escândalos da história do FBI. Estava condenado a duas penas de prisão perpétua.

Entre 1975 e 1990, Bulger informou o FBI sobre um grupo rival, pertencente à mafia italiana, enquanto ele próprio continuava a matar e a intimidar, sob a protecção da agência federal. Ao mesmo tempo, subornou agentes do FBI e da polícia local e estadual em troca de informação sobre investigações e escutas feitas à sua organização, de forma a manter-se sempre um passo à frente das autoridades. Bulger pôs-se em fuga em Dezembro de 1994, quando um agente corrupto do FBI o avisou de que as autoridades estavam prestes a executar um mandado de captura contra ele. 

Durante anos, "Whitey" foi um dos homens mais procurados pelas autoridades norte-americanas. A recompensa por informações que conduzissem à sua captura atingiu os dois milhões de dólares – o valor mais alto oferecido pela agência de investigação por um fugitivo americano. Foi detido no seu apartamento em Santa Monica, na Califórnia, a 22 de Junho de 2011.

O caminho criminoso de Bulger serviu de inspiração ao filme Entre Inimigos (2006), com Jack Nicholson, e Black Mass (Jogo Sujo), em 2015, com Johnny Depp.

A namorada do criminoso, Catherine Greig, de 67 anos, continua a cumprir pena na prisão no Minnesota. Deverá sair em liberdade a 29 de Setembro de 2020, data em que cumpre oito anos de prisão por crimes de identidade fraudulenta. 

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