Homem acusado de tentar matar dois vizinhos diz que apenas queria “dar lição”

Arguido, de 49 anos, diz que escolheu “os cartuchos mais fraquinhos” que tinha em casa e que não apontou para os vizinhos. Diz que antes disso foi agredido pelos dois vizinhos e outros dois homens, que o esperaram à porta de casa.

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Adriano Miranda

Um homem acusado de tentativa de homicídio por ter disparado sobre dois vizinhos em Braga, em Outubro de 2017, negou esta segunda-feira qualquer intenção de matar, declarando que apenas quis “dar uma lição” às vítimas.

No início do julgamento, no Tribunal de Braga, o arguido de 49 anos assumiu a autoria de nove disparos de caçadeira, mas sublinhou que escolheu “os cartuchos mais fraquinhos” de entre os cerca de 350 que tinha em casa e que apontou para o chão ou para um portão e não para os vizinhos.

“Tinha em casa zagalotes e balas, mas carreguei a arma com os cartuchos mais fraquinhos. Aquilo não mata, eu nunca quis matar ninguém, apenas queria dar-lhes uma lição”, referiu.

Disse que já não falava há uns seis anos com os dois irmãos seus vizinhos, que acusou de fazerem pouco dele, e que uns dias antes dos disparos tinham tido novos desentendimentos, por causa do retrovisor de um carro.

O arguido acrescentou que, no dia dos factos, 26 de Outubro, os dois vizinhos e outros dois homens o esperaram à porta de casa, na Rua de Sá de Miranda, na cidade de Braga, tendo então sido agredido a murro e pontapé. “Fugi e perdi o juízo”, contou.

Um ferido. Danos no portão e viatura

Foi a casa, pegou na caçadeira do pai, carregou-a e fez “nove disparos”, mas, segundo disse, nunca apontando para as vítimas. “Sou caçador desde pequeno, conseguia acertar nos fios da eletricidade ou nas asas das borboletas. Se os quisesse matar, matava-os. Mas essa nunca foi a minha intenção”, reiterou, num depoimento sempre muito emotivo e efusivo.

Um dos vizinhos foi atingido e ficou ferido numa perna, circunstância que o arguido atribuiu a um eventual “ricochete”, tendo acrescentado que nunca imaginara que os chumbos dos cartuchos conseguissem furar o portão, como acabou por acontecer. “Os cartuchos não prestavam para nada...”, afirmou.

Após os primeiros três disparos, o arguido foi a casa duas vezes recarregar a arma e as vítimas, aproveitaram a oportunidade para se refugiarem numa garagem. Os novos disparos provocaram danos no respectivo portão e numa viatura que estava estacionada no interior.

O arguido, que está em prisão preventiva, responde por dois crimes de homicídio, na forma tentada, e por um crime de dano.

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