Não gosta do Halloween? Há uma receita para isso

Não há como retirar às crianças o entusiasmo que as assalta com a proximidade da noite das bruxas. Não vale a pena combatê-lo, mais vale transformá-lo. A noite das bruxas pode ser um bom pretexto para pais e filhos porem o avental e irem juntos para a cozinha.

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Não gosta do Halloween? É dos que não vê grande piada na circulação de adultos mascarados de coisas mais ou menos terríficas, nem crianças a bater de porta em porta a pedir doçura ou travessura? Pois, a autora destas linhas também não. Tolera os morcegos e o laranja das abóboras, aprecia as bruxinhas que têm ar mais traquina que malévolo, mas acha lamentável que a imagética desta festa se concentre em sangue e em esqueletos, em monstros e assombrações. Mas não há volta a dar — sem sabermos bem como, o Halloween foi mesmo importado e está por todo o lado, e por mais que finja que é uma data sem importância, as crianças lá de casa assim não o permitem. Há, então, que mudar a direcção da agulha, e permitir que esta possa ser uma data especial para partilhar bons momentos com elas.

A criança mais velha que vive lá em casa ainda não tem autorização para andar pelas ruas a pedir doçuras (ainda mais agora, que as gomas lhe fazem pior ao aparelho que tem nos dentes). Mas tem uma espécie de recompensa ao estar mobilizada em organizar em casa um jantar especial para alguns amigos. À conta disso, já me permitiu uma tarde de domingo bem passada a consultar vídeos no YouTube e vários blogues na Internet para construir ideias para a decoração e, mais importante ainda, para o menu para o jantar. Sim, que ainda faltam vários dias para a noite das bruxas, mas o tema já domina as conversas há várias semanas.

E, na realidade, e apesar de ainda não estar rendida ao tema Halloween (de todo!), concedo que pode ter alguma graça juntarmo-nos com as crias para fazer um chapéu de bruxa, para improvisar umas teias de aranha espalhadas pelos armários, para desenhar e recrutar morcegos e pendurá-los pelo tecto da sala. E quando a organização do jantar passa para o momento em que vamos pensar no menu, o tema pode ficar mais entusiasmante.

No passado domingo já houve ensaios. Este fim-de-semana, vamos avançar com novas experiências — porque a noite de quarta-feira terá de ser memorável para os miúdos. E, já agora, para os graúdos também. Atrevo-me a deixar as sugestões que mereceram maior entusiasmo nas pesquisas que fizemos na Internet.

Cocktail sanguinário

Estamos a falar de crianças, e álcool não entra. Mas podemos ser um pouco mais imaginativos do que abrir um pacote de sumo de frutos vermelhos, despejá-lo num jarro e decorá-lo com umas aranhas atrevidas. Há muitas receitas que nos ensinam a aproveitar os cocktails de frutos vermelhos que ainda temos no congelador desde o Verão passado, e misturar com gasosa e sumo de laranja. (Eu vou trocar a aranha por uma folha de hortelã e ainda vou pensar que nome tétrico darei a isso.)

Sopa de olhos sangrentos

A base é uma receita de sopa de tomate. Para integrar o menu de Halloween basta trocar os ovos escalfados por uns ovos cozidos e depois transformá-los nuns ovos medonhos. E a operação é mais fácil do que parece. Depois dos ovos cozidos e descascados, devemos desenhar com a ponta da faca uns risquinhos — que se notem mas não sejam demasiado profundos, não queremos estragar o ovo! Depois pincelamos o ovo com ketchup e vamos ver que o ovo se transforma com facilidade num glóbulo raiado de sangue. Falta fazer as íris, uma rodela de azeitona verde (há à venda já descaroçadas, é perfeito!) preenchida com um pedaço de azeitona preta cumpre divinamente a função.

Múmias ensalsichadas e folhados de abóbora

Há muitas receitas para aproveitar salsichas nos menus de Halloween. As nossas preferidas são as que transformam quatro salsichas numa mão cortada (é cortar as salsichas e alinhá-las como se fosse uma mão, servi-las ainda com a faca que provocou o corte, e decorar com ketchup; as unhas podem ser feitas com a clara do ovo cozido). Se as crianças forem muito pequenas, é melhor transformar as salsichas em múmias: basta imaginar que umas tiras de massa folhada são o rolo do lençol, e levá-las a gratinar um pouco no forno. Ainda para as entradas, também não dispensamos uns folhados de abóbora. O segredo é fazermos o molde da abóbora, desenhando os recortes dos olhos e da boca, de uma forma divertida. O recheio dos folhados pode ser de creme de abóbora para as crianças e queijo de cabra para os adultos. A parte divertida é que, depois de saírem do forno, não temos duas abóboras iguais.

Tagliatelli com molho de cérebro e olhos

É só para não lhe chamar esparguete à bolonhesa que comem, a pedido, todas as semanas. O esparguete é substituído pelo tagliatelli, de preferência verde, para fazer pendant com as rodelas de azeitonas que vão decorar os ovos cozidos de codorniz. A carne é distribuída bem no centro da massa e por cima decoramos com o numero de olhos a gosto. O segredo está no empratamento. E na legenda.

Cemitério de chocolate

Não tem muito que inventar. Faça o seu bolo seco de chocolate preferido, mas use um tabuleiro rectangular em vez de formas redondas ou com orifícios no interior. O objectivo é poder partir o bolo a partir a preceito, ensaiando uma espécie de Tetris do qual resultaram cinco pequenos caixões. O resultado é uma travessa transformada numa espécie de cemitério de chocolate, com o bolo sobrante dos caixões a ser desfeito para imitar a terra solta. Não esquecer, claro, de desenhar uma cruz ou os caracteres R.I.P. em cada um deles. Nós derretemos um pouquinho de chocolate e desenhamos com a ajuda de um palito.

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