Advogada vai processar agente da PSP que tirou fotografias a fugitivos detidos

Suspeito já foi identificado pela Inspecção-Geral da Administração Interna e será alvo de um inquérito-crime por violação de segredo de justiça.

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Bruno Lisita

O autor das fotografias dos três homens detidos em Gondomar depois de fugirem do o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, e que causaram polémica ao serem divulgadas nas redes sociais e na imprensa, é um agente da PSP, avança o Diário de Notícias. O jornal cita fontes ligadas à investigação da Inspecção-Geral da Administração Interna, que terá identificado o agente.

Nas imagens em causa era possível ver os três homens algemados, sentados no chão, bem como a data e hora do momento da detenção. Os três homens – dois irmãos gémeos, de 35 anos, mais um cúmplice, de 25, com antecedentes criminais – são suspeitos de dezenas de furtos a idosos no Grande Porto. A sua divulgação foi alvo de um inquérito quer por parte da PSP, quer pelo Ministério da Administração Interna. O Ministério Público também também está a investigar a fuga e captura dos detidos. E disse que, neste inquérito, "não deixará de investigar todas as factualidades susceptíveis de integrarem infracção de natureza pública, bem como todas as matérias dependentes de queixa relativamente às quais os respectivos titulares manifestarem intenção de procedimento criminal”.

Agora, o suspeito de tirar e divulgar as fotografias será alvo de um inquérito-crime por violação de segredo de justiça e pela divulgação de imagens sem autorização, além de ficar sujeito ainda um processo disciplinar instaurado pela PSP. Também a advogada dos arguidos diz que vai processar o agente responsável pelas fotografias.

Ao Expresso, a advogada Cristina de Carvalho diz que os seus clientes (um dos dois gémeos e Hugo Saraiva) "foram vítimas de vários crimes" e que por isso vão avancar com um processo contra os agentes da PSP. 

A divulgação das imagens tinha sido condenada pelo Presidente da República e pelo ministro da Administração Interna, bem como pela Amnistia Internacional.

"Não acrescenta nada ao processo de justiça que está a ser realizado. Esta fotografia não acrescenta nada, pelo contrário, humilha as pessoas e fere-as na sua dignidade humana", afirmou o responsável da secção portuguesa da Amnistia Internacional, Pedro Neto.

Também o Sindicato de Jornalistas criticou os meios de comunicação social que exibiram as imagens.

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