Cimpor vendida ao grupo turco Oyak

Negócio da cimenteira em Portugal e em Cabo Verde muda de mãos após acordo com a Intercement (Brasil).

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Nelson Garrido / Arquivo

Três fábricas, duas moagens de cimento, 20 pedreiras e 46 centrais de betão da Cimpor em Portugal e em Cabo Verde vão passar para o grupo turco Oyak Cement. A venda das unidades de negócio em solo luso e em África foi anunciada nesta sexta-feira, em comunicado. Os valores desta transacção não foram revelados. “As actuais estruturas directivas das áreas produtivas e dos serviços centrais da Cimpor em Portugal e Cabo Verde manter-se-ão em funções”, lê-se na nota enviada às redacções.

Controlada pela Intercement Austria – subsidiária do grupo brasileiro Camargo Corrêa –, a Cimpor tinha sido vendida em 2012. Cinco anos depois, saiu da bolsa portuguesa. Na altura, a empresa anunciara não ter condições para, no curto prazo, avançar com um aumento de capital com recurso a subscrição pública de até 2000 milhões de euros, debatendo-se com a “deterioração expressiva dos capitais próprios e do crescimento da dívida financeira”. 

Em 2017, a empresa portuguesa registou prejuízos de 439,3 milhões de euros, segundo o relatório e contas (pdf) desse ano. Ainda assim, foi uma melhoria substancial face a 2016, quando fechou as contas com um resultado líquido negativo de 787,6 milhões de euros. Nessa altura, a empresa dizia que, “em termos operacionais”, Portugal era uma das áreas de negócio com “um claro crescimento” (a par das unidades detidas na Argentina, Paraguai e África do Sul). Os problemas vinham do Brasil, Egipto e Moçambique, onde “o ambiente económico [fez baixar] a performance da empresa e os resultados financeiros”.

A Oyak Cement é controlada pelo fundo Oyak, “o primeiro e maior fundo de pensões second tier na Turquia”, refere a empresa compradora no comunicado. Fundado em 1961, aposta em “investimentos estratégicos em sectores lucrativos” em indústrias diversas, “como a do cimento e a do betão, a exploração mineira e a metalúrgica, o automóvel, a energia e o sector químico”, refere a mesma nota enviada às redacções.

A Camargo Corrêa passou a controlar a cimenteira portuguesa a partir de 2012. Depois de dividir os activos com a concorrente Votorantim, garantiu o controlo de 94,2% da Cimpor, que já foi uma das referências da bolsa portuguesa. É a “reputação e força comercial da marca e dos produtos Cimpor” que justificam esta aquisição, diz a Oyak, acrescentando que “identificou potencial” na integração das unidades de Portugal e de Cabo Verde devido ao “know-how, capacidade operacional, escala, posicionamento geográfico e capacidade exportadora”.

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