Uma Liga Global de futebol? FIFA cria "task force" e transfere polémica para Miami

Gianni Infantino promete pormenores sobre a criação de uma Liga Global de Nações para 14 de Março de 2019 e descarta fundos de investimento.

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REUTERS/Naseem Zeitoon

A FIFA nomeou esta sexta-feira, no congresso que decorreu em Kigali, no Ruanda, uma comissão de trabalho para avaliar a proposta do presidente Gianni Infantino sobre a controversa criação de uma Liga Global de futebol e a remodelação do Mundial de clubes, evitando um confronto de consequências imprevisíveis com os opositores à ideia, nomeadamente a UEFA.

Em vez de assumir a intenção de colocar a ideia a votação, Infantino anunciou que as conclusões da “task force” serão apresentadas em reunião agendada para 14 de Março, em Miami. “Decidimos criar uma ‘task force’ para discutir e apresentar propostas concretas”, referiu o dirigente, cujos planos enfrentam forte oposição por parte do Fórum das Ligas e das Ligas Europeias, que representam os principais clubes.

Infantino prometeu desenvolvimentos "detalhados das competições" propostas, admitindo que o projecto é do agrado de muitos, embora enfrente alguma resistência. "Há diferentes pontos de vista e opiniões divergentes, o que é normal”, insistiu o líder da FIFA.

O presidente do organismo confirmou ainda a existência de um consórcio disposto a investir cerca de 22 mil milhões de euros num ciclo de 12 anos, a troco de 49% dos direitos da competição, mantendo em segredo a identidade dos investidores. "Não se trata de um fundo, é uma empresa. Queria que isso ficasse claro”, vincou, sem fornecer mais pormenores, reiterando não haver nenhuma nação ou Estado soberano envolvido no financiamento do projecto.

“É uma companhia privada, como já foi mencionado. Mas antes precisamos definir exactamente que tipo de competição se pretende implementar", defendeu Infantino. "Duas confederações têm, actualmente, as próprias Ligas das Nações, com os respectivos direitos alienados, que no caso da Europa se estendem até 2022. Mas são as únicas", sugeriu o presidente do organismo que tutela o futebol mundial. "Há certamente diferentes formas e meios de analisar a questão e perceber o que pode ser feito... Estamos abertos a todas as ideias e propostas”.

À margem do tema forte do congresso, foi ainda decidido não autorizar a realização de um jogo oficial da Liga espanhola entre o Barcelona e o Girona, em Miami, em Janeiro. Uma tentativa de internacionalizar um campeonato que gera grande interesse mediático também fora da Europa.

Por outro lado, a FIFA aceitou a proposta da CONMEBOL para que a Copa América passe a realizar-se em anos pares, pelo que o torneio de 2019 sofrerá um adiamento de um ano, passando a estar alinhado com o Campeonato da Europa. A CAN 2023 foi igualmente deslocada de Janeiro/Fevereiro para Junho/Julho.

O congresso apoiou ainda propostas dos accionistas para introdução de alterações no sistema de transferências de futebolistas, nomeadamente no que concerne à limitação de empréstimos e a novos regulamentos para agentes de futebol.

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