Fotógrafos: Castello-Lopes, Doisneau, Frank, Mapplethorpe e Maier no Cinema Ideal

De 1 a 7 de Novembro, a Casa da Imprensa, dona da sala do Chiado, organiza uma mostra de cinema centrada em filmes sobre "seis fotógrafos e um repórter de guerra".

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O Sal da Terra, documentário de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, é um dos destaques da mostra de cinema DR

De 1 a 7 de Novembro, o Cinema Ideal, em Lisboa, vai apresentar um ciclo dedicado a filmes sobre "seis fotógrafos e um repórter de guerra", na primeira Mostra de Cinema da Casa da Imprensa, dona da sala do Chiado, num evento que pretende ser anual. São documentários centrados em grandes figuras, do português Gérard Castello-Lopes à norte-americana Vivian Maier, cuja obra só foi descoberta após a sua morte, com sessões diárias às 15h45 e às 19h15 e bilhetes a três euros, mais baratos do que o normal.

Mapplethorpe - Vejam as Imagens é um olhar sobre o controverso Robert Mapplethorpe (1946-1989), conhecido pelas imagens a preto e branco e em grande formato, entre nus e retratos de celebridades, que tem neste momento uma exposição em Serralves que também deu polémica. O nome do filme parte do que Jesse Helms, um senador conservador norte-americano, disse para tentar encerrar uma exposição de Mapplethorpe. O filme é da autoria de Fenton Bailey e Randy Barbato, que não são só documentaristas, mas também experientes produtores de televisão, com RuPaul’s Drag Race no currículo.

Vivian Maier (1926-2009), que trabalhou durante quatro décadas como ama em Chicago, é uma artista com uma obra invisível quase até morrer. Passava os tempos livres a tirar fotografias na rua, tendo deixado para trás centenas de milhares delas, mas nunca mostrou o seu trabalho. Pouco antes de ela morrer, John Maloof comprou-lhe uma caixa de negativos, que digitalizou e disponibilizou na Internet, onde as imagens causaram furor. É o próprio Maloof que co-assina, com Charlie Siskel, À Procura de Vivian Maier, que tenta traçar um retrato da vida deste fenómeno póstumo da fotografia.

O fotógrafo e realizador nascido na Suíça Robert Frank (n.1924) é o objecto de Não Pestanejes, um documentário de Laura Israel, amiga do artista e que passou décadas a arquivar o seu acervo, bem como a fazer a montagem dos seus filmes. É um raro retrato do autor do livro The Americans.

Robert Doisneau, o Rebelde Maravilhoso é um documentário originalmente feito em 2016 para o canal francês Arte e conta a história de vida de Robert Doisneau (1912-1994), que nasceu pobre nos subúrbios de Paris e ganhou fama como fotojornalista com um olhar humanista. Atrás das câmaras está Clémentine Deroudille, neta do artista.

Olhar/Ver – Gérard, Fotógrafo, de 1997, é uma entrevista de Fernando Lopes a Gérard Castello-Lopes (1925-2011), que começou como mergulhador amador e, inspirado por Cartier-Bresson, fotografou a Lisboa dos anos 1950 e as pessoas que lá viviam, tendo-se depois virado para objectos e representações mais abstractas.

De 2014, O Sal da Terra, sobre o brasileiro Sebastião Salgado, junta como realizadores Juliano Ribeiro Salgado, o filho do fotógrafo, e o alemão Wim Wenders. Foi nomeado para um Óscar, ganhou um César de Melhor Documentário e ainda recebeu uma Menção Especial do Júri da secção Un Certain Regard em Cannes.

Haverá também espaço para Mais um dia de vida, a antestreia de um filme sobre o polaco Ryszard Kapuscinski, o famoso repórter de guerra, uma adaptação, assinada por Raúl de la Fuente (que marcará, com a produtora Amaia Remírez, presença na sessão no dia 5) e Damian Nenow, do livro homónimo do escritor que passou três meses a observar a Guerra Civil de Angola e publicou o seu relato em 1976. Depois de mais de cinco anos de rodagem, fez parte da selecção oficial da edição deste ano de Cannes.

Os filmes do ciclo serão também lançados em DVD pelas Midas Filmes a 8 de Novembro.

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