Ministro do Ambiente espera que Espanha confirme "boa notícia" sobre mina de urânio na fronteira

José Pedro Matos Fernandes afirma que o projecto não teve uma avaliação de impacto ambiental transfronteiriça e espera que a mina não seja explorada.

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T-shirt onde se lê: "Não à mina, Sim à vida" Joana Goncalves

O ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, saudou hoje o abandono de um projecto de exploração de urânio em Espanha junto à fronteira com Portugal, considerando ser uma boa notícia que espera ver comunicada oficialmente pelo Governo espanhol.

Em declarações à Lusa, à margem de um seminário sobre economia circular em Lisboa, João Pedro Matos Fernandes afirmou esperar que Espanha comunique "pelos canais diplomáticos" a decisão. Salienta que o anterior executivo espanhol de direita "nunca quis envolver Portugal nesta decisão", que afectaria potencialmente os cidadãos portugueses que vivem perto da fronteira.

A agência Efe noticiou esta segunda-feira que o executivo do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) confirmou o abandono do projecto promovido pela empresa Berkeley em Alameda de Gardón, na região de Salamanca.

Numa resposta dada pelo Governo espanhol a um senador, refere-se que "o Ministério para a Transição Ecológica não recebeu nem o estudo de impacto ambiental, nem o arquivo de informações públicas para o início da fase ordinária de avaliação ambiental".

A Berkeley pretende também abrir uma mina em Retortillo, situada a cerca de 40 quilómetros da fronteira portuguesa, projecto que inclui ainda uma fábrica de processamento de urânio, que Matos Fernandes espera que não avance.

"Tudo concorre para que essa mina não seja explorada", declara à Lusa, acrescentando que o projecto não teve uma avaliação de impacto ambiental transfronteiriça.

"Esperamos uma muito boa notícia para a segurança ambiental dos portugueses que vivem junto da fronteira", afirma o ministro.

Sobre o seminário luso belga organizado a propósito da visita dos monarcas belgas a Portugal, Matos Fernandes afirmou que ambos os países estão preocupados com o sector da construção, em que falta muito para se aplicarem os princípios da economia circular.

"É o sector da economia onde são precisos mais quilos de materiais para produzir um euro de valor" e é um sector com o qual a Bélgica, onde o espaço para construir mais é escasso, está preocupada e ambos os países "podem fazer muito em conjunto", afirma.

Em Portugal, com dez milhões de habitantes e sem previsões de aumento da população, existe "um parque construído e um banco de materiais que satisfaz em 90% as necessidades de materiais no futuro".

"O aço e a pedra já foram extraídos uma vez, não precisam de ser outra vez", afirmou o ministro do Ambiente, reconhecendo que mudar a maneira de fazer as coisas "é para anos".

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