Samuel apresentou ao vivo novo CD na Associação José Afonso

O cantor e compositor Samuel apresentou no dia 18, na sede da Associação José Afonso, em Lisboa, o seu novo disco a solo, 13 canções novas com produção e arranjos de José Mário Branco.

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Samuel Quedas DR

Chama-se Sempre Um Fim, Sempre Um Começo e é o mais recente disco de Samuel, cantor, compositor e produtor musical que gravou o primeiro disco a solo em 1972, já lá vão 46 anos. Na convocatória para a sessão de apresentação, que decorreu na quinta-feira na sede da Associação José Afonso, em Lisboa, escreveu: “Depois de um intervalo de alguns anos sem ter aparecido com um registo de canções, decidi avançar para a aventura deste disco. (…) São treze canções novas. Todas as músicas são minhas, excepto a faixa 13, que tem letra e música do José Mário Branco. Os versos, para além desta, ficaram a cargo de vários autores, a saber: eu próprio, Maria do Amparo, Nuno Gomes dos Santos, Armindo Rodrigues, Joaquim Pessoa, Tiago Torres da Silva, João Monge, Amélia Muge, António Gedeão, José Saramago e Louis Aragon.” A produção e arranjos são de José Mário Branco e “as misturas e masterização foram obra do Tó Pinheiro da Silva. Toda a gravação foi feita no histórico estúdio Namouche, em Lisboa.”

Proibido pela censura

Nascido na Malveira, em 1 de Agosto de 1952, Samuel Leonor Lopes Quedas começou, segundo a Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, por cantar num coro de igreja (protestante, com os pais e o irmão), aprendendo mais tarde acordeão, como autodidacta. No liceu cantava canções de Manuel Freire, Francisco Fanhais e José Afonso, sendo por incentivo deste (que o conheceu quando Samuel se mudou com a família para Setúbal), e também de José Niza, que gravou o seu primeiro disco, o EP O Cantigueiro, para a editora Arnaldo Trindade (com o selo Orfeu), em 1972. Com quatro canções (O cantigueiro, A recompensa, Os castelos também se assaltam e Cantar de quem anda por lá), o disco teve direcção musical de José Calvário e produção musical de José Niza. Na canção que lhe dava título, com letra e música de sua autoria, Samuel escreveu: “Não há fiança pr'o cantigueiro/ e ele nem dinheiro tem/ se viu demais/ que arranque os olhos/ e a vida correrá bem” ou “Só tem licença/ de cantigueiro/ quem for o bobo do rei”. O disco acabou por ser proibido pela censura.

Nesse mesmo ano, Samuel participaria num outro disco, um LP colectivo, que viria a ser considerado uma das mais relevantes edições da música portuguesa na época: Fala do Homem Nascido, de José Niza e José Calvário, só com poemas de António Gedeão cantados nas vozes de Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha. O 25 de Abril levou-o às muitas sessões de Canto Livre que se realizaram então pelo país, editando novo EP, com os temas A minha terra, Tu dizes que me queres muito, Cantiga das sandálias rotas, Venceremos, O povo unido e De pé pela revolução. Grava também o Hino da reforma agrária. Em 1979, grava o LP Ao Alcance Das Mãos (Telectra, 1979) e participa no Festival RTP da Canção, a ele regressando em anos seguintes.

Cantigueiro, num blogue

Autor, em 1982, do tema principal da telenovela Vila Faia, lança em 1983 o single Ainda Um Jardim Aqui, em colaboração com o Coro de Santo Amaro de Oeiras. Em 1997 gravou um disco integralmente dedicado à obra de Adriano Correia de Oliveira, Trovas Do Tempo Que Passa, e no ano seguinte, 1998, participou num novo disco colectivo, Pelo Sonho É Que Fomos, ao lado de Carlos Mendes, Fernando Tordo, Joaquim Pessoa, Jorge Palma, José Mário Branco, Lúcia Moniz, Manuel Freire, Nuno Nazareth Fernandes, Paco Bandeira, Pedro Duarte e Vitorino. Tem, desde 2007, um blogue onde escreve regularmente e a deu o nome do seu primeiro disco, Cantigueiro.

O disco Sempre Um Fim, Sempre Um Começo (que esteve para se chamar Uma Espécie de Coisa, como mostram os ensaios com os músicos que estão publicados no Youtube, a par de algumas canções) marca, em 2018, o seu regresso aos registos a solo.

Notícia alterada: corrigida a data de apresentação do disco, que foi antecipada de 20 para 18 de Outubro de 2018.

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