Pollock de Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro vai a leilão em Novembro

O Ministério da Cultura do Brasil apoiou a venda da pintura do artista norte-americano, considerando-a um mal necessário.

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O quadro N.º 16 foi pintado por Jackson Pollock em 1950 DR

O quadro N.º 16, pintado por Jackson Pollock (1912-1956), em 1950, uma das obras mais importantes do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, poderá ultrapassar os 15 milhões de euros num leilão, em Novembro, foi anunciado esta semana. De acordo com a Bloomberg, a obra foi comprada originalmente por 306 dólares (265 euros) pelo multimilionário norte-americano Nelson Rockefeller e poderá alcançar 18 milhões de dólares (15,59 milhões euros) no leilão da Phillips marcado para 15 de Novembro, em Nova Iorque.

O vendedor da pintura, considerada pela crítica "uma pequena jóia", é o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, que a recebeu como doação, em 1952, daquele que viria a ser vice-presidente dos Estados Unidos. O quadro, que é uma das 16 obras do artista criadas sobre masonite, um tipo de aglomerado de madeira, está pintado em camadas de espirais e pingos de tinta numa base prateada, com salpicos em amarelo, vermelho e verde. Pollock é considerado um dos pintores mais influentes do século XX, incluindo-se as suas pinturas feitas através de uma técnica em que o artista manipula a tinta deixando-a pingar sobre a tela dentro do movimento mais amplo do expressionismo abstracto.

O anúncio da venda — justificada para garantir sustentabilidade dos orçamentos do museu — em Março deste ano, do único quadro de Pollock que o Brasil possui, suscitou polémica e críticas nos meios artísticos do país. No entanto, o Ministério da Cultura do Brasil apoiou a venda, considerando-a um mal necessário.

Nelson Rockefeller comprou o quadro da exposição a solo de Pollock realizada na Betty Parsons Gallery, onde também se incluíam outras obras importantes, como Lavender Mist: Number 1, que se encontra actualmente na National Gallery of Art, em Washington, Number 31, que se encontra no MoMA (Museum of Modern Art), em Nova Iorque, e Autumn Rhythm: Number 30, no Metropolitan Museum of Art, na mesma cidade. Pollock viria a morrer em 1956, num acidente de automóvel, com apenas 44 anos.

Com 56,7 centímetros de lado, N.º16 é uma das 16.000 obras do acervo do museu do Rio de Janeiro, e uma das mais requisitadas para empréstimo, de acordo com um comunicado publicado em Março na página do museu brasileiro na Internet.

A escolha da pintura para venda residiu no facto de "não ser de um artista brasileiro", e porque, apesar de ser de pequeno formato, pertence "a uma série conhecida de Pollock", muito "requisitada por museus no exterior, tendo relevância, portanto, no mercado internacional", lia-se no comunicado divulgado na altura.

O MAM acrescentava ainda que, embora possua uma colecção de escultura bem estruturada, com "um certo peso e coesão", "com obras importantes" de Brancusi, Giacometti, Max Bill, Lipschitz, Barry Flanagan, Henry Moore, a sua colecção de pintura estrangeira, "embora tenha exemplares importantes — e Pollock é um deles — não se constitui em um de seus 'carros-chefes'", não sendo das mais representativas do museu.

A decisão de vender o quadro do Pollock faz parte de um conjunto de medidas que o museu tem vindo a adotar para garantir a sustentabilidade, "durante pelo menos 30 anos". A venda do quadro de Pollock permitirá ao museu do Rio criar um fundo financeiro, que será denominado Património com Destino Específico (PDE), com regras rígidas para o seu uso, e cuja gestão estará a cargo de uma comissão e será auditada pela PriceWaterhouseCoopers (PwC).

O MAM do Rio de Janeiro, instituição privada sem fins lucrativos, criada em 1948, possui no seu acervo obras de Portinari, Tarsila, Volpi, Anita Malfati, Maria Martins, Lygia Clark, Lygia Pape, Segall e Di Cavalcanti, sendo apresentado como um dos mais significativos do país.

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