Israel aumenta presença de tanques perto de Gaza

Gesto de demonstração de força após disparo de rocket palestiniano atingir casa na cidade israelita de Beersheba, no Sul.

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Israel aumentou a presença militar perto da Faixa de Gaza e promete resposta a quaisquer ataques AMIR COHEN/Reuters

O exército israelita sublinhou as palavras do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que prometeu resposta a ataques vindos de Gaza, com uma demonstração de força no terreno: deslocou dezenas de carros de combate e veículos de apoio para uma zona perto da Faixa de Gaza, em véspera de mais um protesto palestiniano, na sexta-feira.

De todos os lados surgiam tentativas de mediação e apelos à calma: responsáveis egípcios reuniam-se com responsáveis do Hamas, o movimento islamista no poder na Faixa de Gaza (que nega ter disparado os rockets), e o enviado da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Nicolai Mladenov, disse que “as próximas 48 horas têm de ser de inversão da escalada”.

Um fotógrafo da Reuters diz que contou cerca de 60 veículos junto à linha que divide Israel do território palestiniano (não é uma fronteira estritamente falando porque Gaza não é um país), notando que foi a maior deslocação que viu na zona desde a guerra entre Israel e o Hamas em 2014, em que morreram mais de 2000 palestinianos em Gaza e mais de 70 israelitas.

Em Gaza, preparava-se o protesto de sexta-feira junto à barreira com Israel, um de uma série que começou há mais de seis meses para assinalar a exigência dos palestinianos regressarem às suas terras onde é actualmente Israel (o direito de retorno). A marcha simbólica até à barreira, foi-se repetindo até à data de inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, e estendeu-se até depois disso. Israel reprimiu a marcha disparando contra os palestinianos que chegavam demasiado perto ou que fossem considerados uma ameaça. Entre os mortos estavam crianças, paramédicos e jornalistas.

Do lado de Gaza, palestinianos queimaram pneus para dificultar a visibilidade dos snipers, e lançaram papagaios para o ar com a bandeira palestiniana, alguns a arder, com o intuito de provocar incêndios em Israel. Morreram mais de 160 palestinianos nestes protestos, e organizações como a Amnistia Internacional e Human Rights Watch dizem que Israel poderá ter cometido crimes de guerra ao disparar a matar contra pessoas que não eram uma ameaça imediata.

A Faixa de Gaza está sujeita a um estrito bloqueio da parte de Israel, e também do Egipto, e enfrenta condições muito difíceis, como o fornecimento de electricidade apenas quatro horas por dia, em períodos incertos e variáveis.

Analistas dizem que nem o Hamas nem Israel querem uma guerra. Os efeitos para o Hamas podem ser devastadores numa população que já está exausta, e os efeitos para uma infraestrutura já muito debilitada por guerras anteriores e cuja reconstrução é dif´cil por causa do bloqueio. Israel teme os custos de uma operação em que é difícil definir o que é uma vitória.

A ONU já alertou, há uns meses, que em breve a Faixa de Gaza estará “inabitável”, acrescentando “se é que não está já”.

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