Banksy e a sua versão dos acontecimentos em vídeo

Num vídeo agora divulgado por Banksy, o artista tenta mostrar que não terá havido conluio com a leiloeira na operação de autodestruição de uma obra sua. Mas o mistério permanecerá.

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Reuters/SOCIAL MEDIA

Muito se tem falado nas últimas semanas da operação Banksy durante o leilão da Sotheby’s em Londres, que aconteceu no início do mês. Agora foi a vez do próprio Banksy divulgar um vídeo (a que deu o título irónico de Shredding the Girl and Balloon – the Director’s cut) que mostra a destruição parcial de Girl with a balloon aquando do leilão londrino, durante o qual o quadro foi comprado por 1, 2 milhões de euros.

"Algumas pessoas pensam que não o rasguei mesmo. Mas rasguei. Algumas pessoas pensam que a leiloeira estava a par. Não estava", escreveu ainda Banksy no Instagram.  No vídeo, divulgado esta quarta-feira à noite na conta de Instagram e no sítio oficial do artista na Internet, vê-se alguém a construir o mecanismo de destruição que foi colocado no interior da moldura ornamentada. De seguida, surgem imagens do leilão, desde o momento de licitação à altura em que alguém pressiona o botão de um comando e dá origem à destruição parcial do quadro. No final pode ler-se a frase: “Nos ensaios funcionou todas as vezes”, numa demonstração de que o objectivo seria a destruição total da obra.

Recorde-se que o no início do mês, logo depois de ter sido vendido, o quadro se desfez em tiras, ao passar por uma trituradora de papel que terá sido instalada pelo próprio artista na parte inferior do quadro. A obra não ficou totalmente destruída – só a metade inferior. Pelo vídeo agora revelado fica a ideia que, afinal, a ideia seria a destruição total da obra.

Ou seja, o mistério mantem-se. E manter-se-á, como sempre em Banksy. Estaria ele no leilão? E a Sotheby’s estaria avisada da operação e colaborou na mesma? Ninguém sabe. A única coisa que se sabe é que Banksy criou, mais uma vez, um grande acontecimento mediático e artístico, visando os mecanismos especulativos da arte contemporânea – e da sociedade capitalista em geral – expondo com a sua acção a forma como essas mesmas dinâmicas se reproduzem, mesmo tendo consciência do paradoxo que por vezes se pode verificar: aquilo que se pretende criticar pode acabar por se apropriar da sua acção e capitalizar com ela.

A 14 de Novembro, por exemplo, a Julien’s Auctions, em Los Angeles, vai tentar vender uma das mais conhecidas obras de Banksy, Slave Labour (Bunting Boy), e não só está ciente de que o último leilão de uma obra do artista acabou em destruição como irá utilizar isso para promover o seu próprio evento.

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