Entre marido e mulher

Glenn Close em estado de graça e Jonathan Pryce à sua altura não chegam para salvar um telefilme de luxo.

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Já anda tudo a dizer que é desta que Glenn Close ganha o Óscar de melhor actriz, depois de o ter perdido por três vezes para Cher, Jodie Foster e Meryl Streep. As previsões valem o que valem (isto é, muito pouco ou mesmo nada), mas a certeza é que Close é verdadeiramente extraordinária no papel de Joan, a mulher de um escritor que acaba de ganhar o Nobel e — a todos os níveis — “âncora” da sua vida. É uma performance que podia muito facilmente cair no histrionismo, mas que Close mantém contida, calculada, meticulosamente silenciosa, bastando uma expressão facial, um olhar, um sorriso para explicar ao espectador tudo o que vai na alma de Joan. E, contracenando com a actriz, Jonathan Pryce, no papel do marido, não lhe fica atrás — podemos mesmo dizer que a performance de Close existe desta maneira por causa de Pryce e vice-versa, um dá-e-tira que não pode funcionar no vazio e precisa do outro para se espraiar.

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É por isso pena que A Mulher não esteja à altura desta entrega: adaptado do romance best-seller da americana Meg Wolitzer, o filme é dirigido pelo sueco Björn Runge com tamanho anonimato neutro que parece estarmos a ver um mero telefilme de luxo. Algumas das mais interessantes portas abertas pela narrativa ficam reduzidas à linearidade de uma telenovela — é só ver a banalidade estereotipada dos flashbacks aos anos 1960, ou das cenas de discussão familiares. É tudo muito bem feitinho, muito certinho, muito anonimozinho — e haver uma actriz e um actor que fazem a diferença não chega para elevar A Mulher acima disso. Até porque este é um filme que, quase de certeza, só será recordado (mas com inteira justiça) por Glenn Close e por Jonathan Pryce.

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