Ataque de aluno em politécnico da Crimeia fez 19 mortos

O estudante de 18 anos fez detonar uma bomba artesanal e disparou contra colegas e funcionários. Uma segunda bomba foi desarmadilhada.

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KERCH.FM/EPA

Um ataque à bomba e a tiro numa escola técnico-profissional em Querche, na Crimeia, fez nesta quarta-feira pelo menos 19 mortos, entre eles “vários alunos adolescentes”, disse à agência TASS a directora da instituição, Olga Grebennikov.

Sergei Aksionov, o líder da Crimeia, disse que o atacante foi um aluno de 18 anos, que depois se matou. Em declarações à televisão estatal russa, Aksionov disse que o corpo do estudante finalista Vladislav Rosliakov foi encontrado "na biblioteca, no segundo andar", com ferimentos de bala que aparentam ser “auto-infligidos”.

Rosliakov, que segundo Aksionov “actuou sozinho”, foi filmado pelas câmaras de segurança a "entrar na escola imediatamente antes do incidente com uma arma", disse à agência de notícias russa TASS a porta-voz do Comité de Investigação da Rússia, Svetlana Petrenko.

O aluno deixou uma "bomba artesanal" na cafetaria da escola, que detonou, e "correu para o segundo andar, onde abriu todas as portas, e matou toda a gente que encontrou", disse a directora do politécnico à Reuters.

A polícia encontrou depois um segundo explosivo perto dos pertences do atacante, que foi “desarmado no local”, diz a TASS.

Num primeiro momento, o chefe da Guarda Nacional, Sergei Melikov, classificou o ataque como "terrorista". Porém, as autoridades acabaram por definir o ataque que fez mais de 50 feridos como um "homicídio em massa".

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Entre os mortos estão “adolescentes e funcionários da escola”, diz Olga Grebennikov. A maioria das vítimas apresenta ferimentos de balas e de estilhaços, de acordo com a Reuters, e pelo menos 52 pessoas foram admitidas em vários hospitais em Querche, segundo a TASS.

Muitos terão tentado fugir, contando aos meios de comunicação social que o ataque começou com “uma explosão, seguida de mais detonações, e uma chuva de pólvora”.

“Estávamos lá fora com amigos. Houve uma explosão e todas as janelas se partiram. Corremos, trepámos a vedação. Ouvimos mais explosões, ou sons semelhantes. Limitámo-nos corremos o mais longe que pudemos”, disse uma estudante ao canal de televisão russo RT.

“A minha amiga foi morta à minha frente. Vi o corpo dela cair e parar de se mover. Vi rapazes caírem mortos no chão e sangue a espalhar-se por todo o lado”, contou outra sobrevivente à RT.

Igor Zakharevsky, um dos estudantes que estava na cantina no momento da explosão, contou à BBC que ficou em “completo choque”: “Um dos meus colegas puxou-me, e depois ouvi vários tiros com intervalos de dois ou três segundos. Passado um bocado houve outra explosão”.

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Sergei, de 15 anos, contou à Reuters que “correu para outro edifício” e que se “escondeu até o ataque terminar”. Foi transportado para o hospital, e, quando chegou, viu “pessoas cobertas de sangue, algumas sem braços, outras sem pernas”.

“Foi um verdadeiro ataque terrorista, como em Beslan”, disse Grebennikova, referindo-se ao ataque que matou mais de 300 pessoas, em 2004. “Entraram cinco ou dez minutos depois de eu ter saído. Rebentaram com tudo no corredor”, contou à imprensa local.

O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que “os motivos vão ser cuidadosamente investigados”.

Existem indícios de que se tratou de um ataque motivado por uma atitude hostil quanto à escola, diz a BBC.

"Ele odiava a escola e prometeu vingar-se dos professores", frisou um amigo do atacante à televisão russa RBC TV. Os seus colegas disseram à BBC que Rosliakov era “muito reservado, raramente falava e tinha deixado de usar as redes sociais”.

O atacante tinha na sua posse armas de fogo desde Outubro, de acordo com a provedora da justiça para os direitos da criança da Crimeia, Irina Klyueva, em declarações à BBC.

A Rússia anexou a Crimeia, região no Mar Negro, em 2014, após o afastamento do Presidente ucraniano pró-russo, Viktor Ianukovich, e a realização de um referendo, que determinou que o território passaria para mãos russas. Vários países ocidentais não reconheceram a anexação, o que se traduziu em sanções. 

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