Mais detenções perto das escolas, mas consumo de droga baixou

Em apenas duas semanas, a PSP deteve 25 pessoas por tráfico de droga nas proximidades de escolas. Polícia diz que é normal, dado o tipo de operação realizado e os directores garantem que não houve qualquer evolução negativa no ambiente que se vive neste início de ano lectivo.

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Às operações de início de ano lectivo lançadas pelos efectivos do programa Escola Segura têm estado associadas outras divisões da PSP com o objectivo de limpar focos de tráfico existentes nas proximidades das escolas, disse ao PÚBLICO o subintendente Hugo Guinote, chefe da Divisão de Prevenção e Proximidade da PSP.

Aconteceu o mesmo na operação de início do ano lectivo 2018/2019, realizada entre 12 e 28 de Setembro, e por isso o mesmo responsável adianta que esta é a principal razão pela qual, em apenas duas semanas, tenham sido detidas 25 pessoas por tráfico de droga nas proximidades dos estabelecimentos escolares e nos trajectos escola-casa, que também são acompanhados pela Escola Segura.

Hugo Guinote alerta que devido às características especiais destas operações de início do ano lectivo os seus resultados não podem ser comparados com o balanço anual do programa Escola Segura — com o facto, por exemplo, de em 2015/2016, último ano com dados consolidados, a PSP ter detido ao longo de todo o ano 90 pessoas, quando agora, em apenas duas semanas, prendeu 25.

“Não se pode concluir que houve um salto, até porque o número de detenções varia ao longo do ano também em função do tipo de operações desencadeadas. “Várias das pessoas que foram detidas em Setembro já estavam referenciadas e havia até mandados de detenção em relação a algumas, que foram efectivados agora, aproveitando a mobilização de meios registada”, explica Hugo Guinote. Na operação estiveram envolvidos 3877 polícias e 2943 viaturas.

A Escola Segura é um programa partilhado pela PSP e pela GNR. Os dados referidos dizem apenas respeito ao balanço da actividade da PSP. E também dão conta disto: às 25 pessoas presas por tráfico de droga foram apreendidas 148 doses de cocaína, igual número de doses de heroína e 722 doses de haxixe.

É sabido que quando se fala de heroína as campainhas de alarme disparam, mas Hugo Guinote assegura que as apreensões registadas “estão em linha com o que aconteceu em anos anteriores no mesmo tipo de operações e até baixou”.

Os dados recolhidos pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) têm dado conta de uma tendência de queda no consumo de heroína, embora em 2014 e 2015 se tenha registado um aumento do número de novos utentes em tratamento cuja droga principal de consumo era a heroína. Os inquéritos em meio escolar que têm sido promovidos pelo SICAD mostram que a percentagem de alunos entre os 13 e os 18 anos que já experimentaram heroína passou de 2% em 2011 para 1% em 2015.

Situação melhorou

Questionados sobre o ambiente nas escolas e nas suas proximidades no início deste ano lectivo, os directores contactados pelo PÚBLICO são unânimes na resposta: não só não se registou nenhuma evolução negativa, como a situação é bem melhor do que a registada há alguns anos.

Dulce Chagas, directora do Agrupamento de Escolas de Alvalade, em Lisboa, lembra a propósito que há cerca de sete anos tiveram de deixar de ter aulas à sexta-feira ao fim da tarde na Secundária Padre António Vieira, que agora é a escola sede do agrupamento, para evitar “mais problemas” devido à concentração de jovens frente ao estabelecimento escolar, que era uma marca do dia anterior aos fins-de-semana. “Melhorámos muito. Agora quase não existem esses grupos”, diz.

À frente da Escola Secundária Camões, também em Lisboa, existe um jardim com um coreto que sempre foi um ponto de concentração dos alunos daquele antigo liceu, como de outros jovens. O director, João Jaime, reconhece que este facto poderá potenciar problemas, mas assegura que “não houve nada a registar” neste início do ano lectivo. “Não tem aparecido ninguém diferente no coreto e os casos que temos referenciados são apenas de alguns jovens, que são os mesmos já assinalados no ano passado”, adianta.

Mais a norte, na Póvoa do Varzim, o director da Escola Secundária Eça de Queirós, José Eduardo Lemos, também assegura que “não tem notícia de que algo de diferente ou anormal tenha acontecido”. Nem na sua escola, nem noutras com que mantém contactos enquanto presidente do Conselho das Escolas, que é organismo que representa os directores junto do Ministério da Educação.  

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