ModaLisboa: sonhos que se transformam em roupa e colecções que nos trazem imaginários

A 51.ª edição da ModaLisboa terminou este domingo, com desfiles de criadores como Gonçalo Peixoto, Filipe Faísca e Dino Alves.

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As peças de Olga Noronha são esculturas usáveis
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Imauve
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Duarte
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Andrew Coimbra
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Olga Noronha
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Filipe Faísca
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Filipe Faísca
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Gonçalo Peixoto
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Kolovrat
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Dino Alves
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Dino Alves
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Dino Alves

O último dia da ModaLisboa viveu dos novos talentos. A Imauve e Duarte abriram as hostes num desfile em conjunto no Lago Botequim do Rei, e ao longo do dia outros quatro criadores, nos primeiros anos de carreira, levaram as suas colecções de Primavera/Verão ao Pavilhão Carlos Lopes, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. Já no final da tarde, apresentaram nomes mais conhecidos: Filipe Faísca encheu a casa e Dino Alves fechou a edição.

Não houve falta de imaginários de tempos quentes e de férias. Ana Duarte (criadora da marca Duarte) manteve o seu registo de sportswear com uma colecção saída das corridas de Fórmula 1 no Mónaco, juntando o lado mais desportivo, com impermeáveis e peles, ao glamour (das pessoas que assistem dos seus iates), com peças leves de linho. Carolina Machado mostrou-nos uma versão nostálgica de Cuba nos anos 1950, em tons de sépia, e Andrew Coimbra mergulhou na ideia de um Verão passado na cidade.

Foi no início de 2017 que Gonçalo Peixoto se estreou na ModaLisboa, mas o criador já começa a solidificar o seu nome. Com uma colecção que interpreta o feminismo à sua maneira — sempre com algum streetwear à mistura —, o jovem criador juntou tecidos mais delicados, como as rendas e os florais, com outros mais impactantes e coloridos. Com um percurso igualmente curto, de ano e meio, e grandes ambições, a Imauve abriu o último dia de desfiles. “Quero que seja uma marca global”, afirma a sua criadora, Inês de Oliveira. As colecções costumam partir de algum tipo de manifestação artística e, nesta estação, foi da escultura neoclássica.

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Desfile de Gonçalo Peixoto

Filipe Faísca pôs a toalha, não na mesa mas na sua colecção. As silhuetas em forma de bico de algumas saias e vestidos remetiam imediatamente para este objecto. Nesta estação, o criador voltou a trabalhar com os bordados da Madeira, em colaboração com o Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, como havia feito na colecção anterior. Mas, desta vez, acrescentou fauna (borboletas, abelhas e libelinhas) à flora que tradicionalmente serve de motivo. Apostou nas transparências e terminou o desfile com um vestido de noiva.

Do sonho para a passerelle

A palavra do dia foi de Olga Noronha, que há alguns anos apresenta na ModaLisboa as suas “esculturas usáveis”. "Hipnopompia" foi o nome que usou para referir ao estado hipnopômpico, o período entre o sono e o momento em que estamos totalmente acordados. “Fui buscar uma coisa que acontece quase todas as noites quando estou em processo criativo”, explica a criadora. “A minha altura de criação é durante a noite. Há muitos anos que durmo com um bloco, uma caneta e um gravador de voz ao lado da cama.”

Esses momentos de inspiração materializaram-se numa série de esculturas que envolvem o corpo, jogando entre a rigidez do material e a fluidez das formas. A escolha da celulóide — que, conta a criadora, é usada para forrar concertinas e acordeões — como material principal foi um aspecto essencial da colecção. “Só existe um fornecedor em Portugal. Na altura, comprei-lhe o stock todo e ainda mandei vir mais”, conta.

Também Lidija Kolovrat foi buscar inspiração aos sonhos. “Passaporte”, o nome que deu à colecção, “é o estremecer desse consciente” e “uma porta simbólica de contágio entre o que é sonhado e o que é real”.

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O dia terminou com Dino Alves, que veio de malas feitas para o desfile, literalmente. No final da apresentação, o criador — que ao longo dos anos já nos habituou a algum tipo de espectáculo — enviou os manequins para a passerelle carregados com sacos de xadrez e de trouxa ao ombro. Uma cena que fez lembrar uma espécie de êxodo, ao som de uma música penosa.

O próprio criador abandonou recentemente o espaço de atelier que tinha na rua da Madalena, em Lisboa. Depois de alguma hesitação, resolveu fazer a sua colecção, num espaço que lhe foi emprestado. “Decidi fazer a ModaLisboa precisamente para não acharem que me estava a fazer de vítima”, justifica.

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