15 de Outubro
Só não cheira a fumo. No resto está quase tudo igual
O município de Castelo de Paiva foi um dos mais afectados na Região Norte pelos incêndios de 15 de Outubro. Com 60 casas identificadas para reconstrução, ainda não há nenhuma concluída. Á excepção da fábrica de calçado que vai retomar a produção no dia do primeiro aniversário, parece que continua tudo por fazer. E, em alguns casos, ainda a arder.
O concelho de Castelo de Paiva foi o mais afectado de toda a região Norte pelos incêndios de 15 de Outubro. E não se exagera muito se se disser que é um dos mais atrasados em ver a recuperação em marcha. Não só porque a área queimada foi imensa - e atingiu até as antigas escombreiras das minas de carvão do Pejão, o que fez com que o subsolo continuasse a arder por muitos meses. Mas também proque é um dos cpoucos concelhos em que não tem uma unica habitação, das mais de 55 que foram identificadas pela Comissão de Coordenação da Região Norte para integrar o Programa de Apoio à Reconstrução da Habitação Permanente ainda nenhuma está concluída.
Albina Araújo continua a viver, de favor, na escola primaria de Gaído, do outro lado da rua sempre a olhar para os escombros da casa onde vivia, e onde foi criada juntamente com mais sete irmãos. A mãe, que tem 94 anos, ainda não sabe do incêndio, e essa é a principal preocupação de Albina: que a mãe morra, antes de regressar à sua casa.
Joaquim Carvalho, era o inquilino de uma casa à face da estrada, num centro bem urbanizado de Pedorido, só soube do incendio quando regressou do turno da fabrica onde trabalhava em Oliveira de Azemeis às seis da manhã. Não conseguiu salvar nada. Hoje, regressa aos escombros e vê tudo na mesma. Viveu dois meses e meio num hotel pago pelos patrões. Hoje paga ele a renda num apartamento - uma renda que triplicou face ao que opagava ha um ano - e não se conforma com o "abandono" a que os cidadãos ficaram votados. E interpôs mesmo uma acção judicial contra o Estado. "Só não cheira a fumo. No resto, em Castelo de Paiva, continua tudo igual"