Administração da RTP nomeia Maria Flor Pedroso para directora de Informação

A jornalista da rádio irá substituir Paulo Dentinho, que sai depois dos posts polémicos que fez no Facebook sobre casos de violação.

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Miguel A. Lopes/Lusa

A jornalista e actual editora de Política da Antena 1, Maria Flor Pedroso, é o nome escolhido pela administração da RTP para suceder a Paulo Dentinho e passar a liderar a direcção de Informação da televisão pública.

O anúncio foi feito pelo conselho de administração liderado por Gonçalo Reis ao início da tarde desta sexta-feira. O comunicado de três frases não faz qualquer referência à polémica que envolveu o até agora director, Paulo Dentinho, devido a dois comentários violentos que publicou no Facebook sobre violações, mulheres e “heróis nacionais”, que foram lidos como sendo sobre o caso que envolve Cristiano Ronaldo e Kathryn Mayorga.

“O director de Informação da RTP colocou o seu lugar à disposição do conselho de administração” e este “decidiu aceitar a disponibilidade e substituir Paulo Dentinho como director de informação da RTP”, diz aquele órgão de gestão da empresa.

A administração acrescenta que “decidiu nomear a jornalista Maria Flor Pedroso para o cargo de directora de Informação de televisão”. Explica que já iniciou o “processo formal de recolha de pareceres junto da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social e do conselho de redacção da RTP”.

No caso do pedido à ERC, que tem carácter vinculativo, a administração terá de justificar primeiro a saída de Paulo Dentinho para que a entidade reguladora a aceite e depois aprove a sua substituição por Maria Flor Pedroso. Já o parecer do conselho de redacção da RTP é meramente consultivo.

A jornalista, que fez a sua carreira de três décadas e meia na rádio, já conduziu programas na RTP, nomeadamente o comentário As Escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa. quando este saiu da TVI. Antes de chegar à estação de rádio pública Antena 1 em 1997, Maria Flor Pedroso passara pela Rádio Comercial, RFM e TSF.

Paulo Dentinho colocou o seu lugar à disposição da administração no início da semana depois de ter sido alvo de críticas da redacção sobre o teor e a linguagem dura – incluindo com palavrões – que publicou na sua página no Facebook. Apesar dessa espécie de porta aberta à administração da RTP, o jornalista garantiu ao Observador que não pediria demissão, porque não considerava que o assunto o justificasse.

Depois de adiar durante vários dias responder a questões do conselho de redacção, Paulo Dentinho acabou por se reunir com aquele órgão representativo dos trabalhadores, mas recusou responder a perguntas. Limitou-se a ler uma declaração em que afirmava ter “indícios que sustentam suspeitas de um possível complot contra si” por parte de elementos da RTP e de site de notícias sobre televisão que noticiara que o director estava a ser alvo de um inquérito interno – o que não era verdade.

No comunicado em que relata esta declaração de Dentinho, o conselho de redacção “lamenta a linguagem utilizada pelo director de Informação, assim como o aproveitamento da Vox Pop TV neste assunto”. Mas o CR não se pronuncia sobre se o director infringiu ou não o Código de Ética Jornalística da RTP ao fazer tais comentários na rede social – algo que o código proíbe – e limita-se a divulgar um parecer de dois juristas sob anonimato que consideram aquele código “inconstitucional".

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