JPP rompe com coligação no Funchal

Partido que integrava a coligação que reelegeu o independente Paulo Cafôfo na Câmara do Funchal sai em desacordo com a “partidarização” do executivo municipal.

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Câmara do Funchal Pedro Cunha

É a primeira baixa na coligação liderada por Paulo Cafôfo que governa o Funchal. Após uma reunião, quarta-feira à noite, o Juntos Pelo Povo (JPP) decidiu romper com o “pacto coligativo” que integrava juntamente com PS, BE, PDR e Nós, Cidadãos!, justificando a decisão com a situação “cada vez mais insustentável” no interior da coligação.

“O JPP verifica que, apesar dos seus esforços, o panorama de coligação desvirtuou-se em prol de uma calculada partidarização e personificação”, argumentou o secretário-geral do partido, Élvio Sousa, numa referência explícita ao facto de Paulo Cafôfo, menos de um mês depois de ter vencido as autárquicas de 2017 como independente, ter assumido uma candidatura, em nome do PS, às eleições regionais de 2019.

A decisão, que foi comunicada previamente ao líder da autarquia, é sustentada também, diz o Élvio Sousa, com a falta de diálogo entre os parceiros que apoiam o executivo municipal. “Uma coligação é um acordo de diálogo constante entre as partes. Não deve ser um desacordo interno pelas propostas do JPP para o Funchal, onde, não raras vezes, se obtém conhecimento directo dos assuntos essenciais ao Funchal pela imprensa”, adianta o secretário-geral do partido que disputa com o PS o estatuto de terceira força partidária no parlamento madeirense, onde têm ambos cinco deputados.

Élvio Sousa aponta ainda “pressões” de Lisboa e de grupos económicos para justificar a saída. Cafôfo lamenta, mas rejeita as críticas. “Não consigo perceber o alcance das críticas”, respondeu o autarca esta quinta-feira aos jornalistas, à saída da reunião semanal de vereadores. “Estamo-nos a aproximar de um ano com três actos eleitorais e os partidos começam a posicionar-se”, acrescentou.

Desde que assumiu a candidatura à presidência do governo madeirense em nome dos socialistas, o antigo professor de História que derrotou o PSD no Funchal em 2013 e repetiu a vitória, já com maioria absoluta, quatro anos depois, tem merecido críticas por parte dos parceiros do PS na coligação. O Bloco falou logo em “quebra de promessa” e “falta de palavra”, com o JPP a lamentar a “deselegância” com que a candidatura pelo PS ao executivo regional foi anunciada, sem aviso prévio a todos os partidos.

A saída do JPP da coligação Confiança de Paulo Cafôfo tem mais efeitos políticos do que práticos. Se na autarquia o executivo tem a maioria dos vereadores (seis em 11), sendo que nenhum deles é do JPP, na assembleia municipal, onde o partido tem um deputado, Cafôfo já não tinha a maioria: apenas 15 deputados em 33. O CDS com três elementos tem sido o pivot e vai continuar a sê-lo.

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