Gastou 18 milhões de euros nos armazéns Harrods e agora tem de explicar a origem da sua fortuna

Uma mulher azeri é o primeiro alvo de uma nova lei britânica contra o enriquecimento ilícito, estando agora obrigada a justificar a origem da sua imensa fortuna, que financiou a compra de uma casa de luxo, um campo de golfe e um avião a jacto.

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A fachada da casa comprada por 13 milhões de euros. Reuters/SIMON DAWSON

Zamira Hajiyeva é o nome da primeira pessoa a ser alvo de uma nova lei de combate ao enriquecimento ilícito no Reino Unido e foi revelado nesta quarta-feira. A azeri, mulher do antigo presidente do Banco Internacional do Azerbaijão, Jahangir Hajiyev, terá de explicar a origem da fortuna que gastou ao longo da última década em propriedades e artigos de luxo, incluindo 18 milhões de euros gastos nos armazéns Harrods, em Londres. Os invulgares hábitos de consumo foram, aliás, o motivo que levou as autoridades britânicas a abrirem uma investigação.

O nome de Zamira chega pela primeira vez à imprensa britânica depois da azeri ter perdido uma batalha legal para manter o seu anonimato. Agora sabe-se que a mulher do antigo responsável daquele banco estatal do Azerbaijão, que está a cumprir uma pena de 15 anos prisão naquela ex-república soviética por desvio de fundos, é a assídua e generosa cliente dos armazéns Harrods, e a investidora que gastou 11 milhões de euros na compra de um clube de golfe e 36 milhões num jacto privado Gulfstream G550.

Nos famosos armazéns londrinos, Zamira gastou 114 mil euros em jóias Cartier numa só compra e, noutro dia, comprou 171 mil euros de produtos da marca Boucheron, que comercializa joalharia, relojoaria e perfumes. Noutra ocasião, gastou 2060 euros em vinho. Usou 35 cartões de crédito emitidos pelo banco dirigido pelo marido, gastando os 18 milhões de euros naquelas lojas ao longo de uma década e ao ritmo de 4580 euros por dia, em média.

Uma fortuna inexplicada

Para as autoridades britânicas, o problema não está nos gastos realizados mas sim na origem do dinheiro utilizado pela mulher azeri. De acordo com a justiça do Azerbaijão, o marido é responsável por um rombo de milhares de milhões de euros no banco estatal que dirigia, tendo sido condenado à devolução de 34 milhões de euros.

Crê-se que os fundos desviados foram utilizados para, entre outros negócios, comprar uma casa com cinco quartos no luxuoso bairro londrino de Knightsbridge, junto aos Harrods, no valor de 13 milhões de euros. A compra foi feita através de uma offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.

Esta e outras compras, incluindo o referido avião a jacto, são incompatíveis com o salário que era oficialmente auferido pelo marido. Os 62 mil euros mensais representavam um vencimento elevado, mas dificilmente justificam o património que o casal reuniu em Londres.

“Como funcionário público entre 1993 e 2015, é muito improvável que uma posição destas tenha gerado tanto dinheiro para financiar as aquisições de propriedades”, argumentou Jonathan Hall, que representa a Agência Nacional de Crime.

Citada pelo Guardian, a defesa de Zamira argumenta que o marido já era rico antes de se casarem e até antes de este dirigir o banco estatal azeri, atribuindo-lhe ainda a decisão da compra de propriedades em solo britânico.

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