Organii faz cosméticos bio na sua fábrica em Pêro Pinheiro

Depois da distribuição e do retalho, a empresa das irmãs Curica está na produção de produtos de higiene e beleza biológicos.

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Ricardo Spencer e Cátia Curica são os criadores dos produtos cosméticos
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Champô sólido para cabelos normais, secos e oleosos
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A gama de higiene oral tem pastas de dentes e elixires
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Óleos essenciais e águas florais
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Não há testes em animais. Neste caso, os cabelos são doados
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Óleos corporais e esfoliante para o corpo
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Tudo é feito no mesmo espaço, da concepção à produção
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Sabonetes, óleos e manteigas

No pequeno laboratório da fábrica, Ricardo Spencer e Cátia Curica falam sobre bases cosméticas. O engenheiro químico e a farmacêutica há meses que trabalham em cosméticos biológicos, feitos ali, naquele espaço. A marca chama-se Unii e é lançada oficialmente nesta quinta-feira, em Lisboa.

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Ricardo Spencer e Cátia Curica no laboratório da Unibio

A Unii — Organic Skin Food nasceu da vontade das irmãs Curica, Cátia e Rita, donas das lojas Organii, em ter uma marca de cosmética própria, feita com produtos naturais. A partir dessa vontade, há dois anos, alugaram um armazém em Pêro Pinheiro, entre Sintra e Lisboa, onde se faz tudo desde o princípio. Ou seja, desde a concepção do produto à sua saída para a loja. A ideia inicial foi criar sabões — algo que Cátia já fazia, há muitos anos, em casa. Hoje, na fábrica, os sabões ficam quatro semanas a curar. “O consumidor típico desta cosmética compreende que o sabão precisa de quatro semanas para ficar pronto”, justifica a farmacêutica.

Ali tudo é feito de uma forma artesanal. O engenheiro dá um exemplo: “Faltam champôs, então paramos o desenvolvimento [de outros produtos] e fazemos os champôs e depois voltamos ao desenvolvimento.” Os lotes têm entre 50 e 150 unidades. “Fazemos tudo em pequena escala para que os produtos estejam o mínimo tempo possível na prateleira, de maneira que as propriedades dos ingredientes possam ser usadas no seu máximo potencial”, explica Cátia Curica. 

No entanto, a fábrica obedece a todas as leis e regras estabelecidas pelo Infarmed, garantem os dois. “O Infarmed é dos mais exigentes da Europa”, assegura Cátia Curica. Para já, a marca tem sabonetes, óleos corporais, champôs sólidos, pastas e elixires para os dentes. Todos feitos com produtos naturais — o azeite biológico vem de Trás-os-Montes, o pinho é de Proença-a-Nova, há ainda amêndoas, laranjas, eucalipto, tomilho, alfazema. “Setenta por cento dos ingredientes são portugueses”, informa Cátia Curica. Outros vêm um pouco de todo o mundo, e existem preocupações como: a hora a que o produto foi colhido — “Pode fazer toda a diferença”, afiança Ricardo Spencer; a distância entre o local de produção e a fábrica — “Há muita miniciência associada”, refere Curica; e por quem — “Não queremos que as pessoas sejam exploradas”, acrescenta Spencer. Afinal, “os consumidores estão muito atentos a tudo isso”, diz.

Preocupações ecológicas

Os produtos sintéticos e químicos são evitados. Assim como existem preocupações ecológicas em torno das embalagens – umas são de vidro e as outras são feitas em Inglaterra com plástico reciclado; e os rótulos são de papel de origem mineral (resíduo de pedra). Nas lojas da Organii existem pontos de recolha das embalagens vazias, que regressam à fábrica. “Queremos que os produtos transmitam que não precisamos de destruir tudo à nossa volta para os fazer”, revela Cátia Curica.

No escritório, que fica no primeiro andar e tem vista para o campo e para as pedreiras, Cátia Curica mostra ao engenheiro e também director de produção as amostras que levou para casa e que experimentou. O produto é bom, não faz alergias, mas a sua consistência não é a ideal, uma vez que não sai da embalagem. Ricardo Spencer observa e pensa numa solução. “Em geral, sou a primeira a experimentar”, conta a empresária. Por causa do seu tipo de pele, mais sensível, justifica o engenheiro. Além disso, a sua formação em farmácia permite que “diga objectivamente o que falhou e o que pode ser melhorado”, acrescenta Spencer.

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Exemplos de amostras que todos levam para casa para testar Miguel Manso

Entre o nascimento de um produto e a sua entrada no mercado podem passar quatro anos. Por isso, a dupla sabe o que quer fazer nos próximos tempos. Por exemplo, depois do champô sólido, faz falta o amaciador. “Já está a caminho!”, exclama Ricardo Spencer. Amaciador em estado sólido, mas também líquido, assim como serão fabricados champôs líquidos. Haverá ainda cremes faciais, séruns, mais óleos, etc. A procura destes produtos faz-se por pessoas com problemas específicos de pele, que “não se conseguem encaixar” na cosmética já existente, informa Cátia Curica. Faz-se também porque é uma tendência: “Não é um nicho, porque já todos [os consumidores] compraram uma marca biológica”, conclui o engenheiro químico.

Para já, estão à venda nas lojas Organii e na Maria Granel, em Lisboa. “Mas temos pedidos para outros locais”, diz a empresária.

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