Comissão avança 100 milhões para apoiar projectos da bioeconomia

Carlos Moedas apresentou a nova estratégia para a promoção da economia circular, "que faz parte da identidade europeia".

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LUSA/OLIVIER HOSLET

A Comissão Europeia vai lançar um novo instrumento de 100 milhões de euros, na forma de subsídios e empréstimos, para apoiar os produtores e atrair os investidores para o financiamento de projectos da chamada bioeconomia circular. Mas essa nova dotação é apenas uma das 14 medidas concretas anunciadas esta quinta-feira, em Bruxelas, no âmbito da nova estratégia da Comissão Europeia para uma economia sustentável e responsável na utilização dos recursos naturais.

“A bioeconomia faz parte da identidade europeia e acreditamos que estes investimentos podem ter um impacto muito positivo e significativo, principalmente no mundo rural, mas também noutras áreas, como por exemplo zonas costeiras, onde existem matérias-primas ou culturas marginais que não estão em concorrência com indústrias estabelecidas mas podem ser aproveitadas”, explicou o comissário europeu para a Inovação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas.

Na apresentação da nova estratégia, que vai entrar em vigor logo no início de 2019, o comissário lembrou a importância que a bioeconomia já tem ao nível europeu, tanto em termos de receitas anuais — um volume de negócios à volta de dois biliões (milhões de milhões) de euros — como de criação de emprego, com mais de 18 milhões de postos de trabalho. O objectivo de Bruxelas é criar um milhão de empregos verdes até 2030. Como? Promovendo o conhecimento sobre a bioeconomia e as boas práticas e expandindo e reforçando o sector dos produtos biológicos, disseram Moedas e o vice-presidente da Comissão Europeia para o Emprego, Investimento e Competitividade, Jirky Katainen.

Para ilustrar as possibilidades destes sectores da economia circular, Moedas levou para a sala de imprensa da Comissão alguns adereços: um cardo italiano, a partir do qual são produzidos sacos biodegradáveis e cosméticos; e um cachecol verde fabricado na Finlândia a partir de desperdícios da indústria de madeira — que prontamente ofereceu ao seu colega finlandês. “É assim que mostramos o que é a bioeconomia e o impacto que ela pode ter”, justificou o português.

Entre as medidas previstas no plano de acção de Bruxelas estão acções-piloto que abrangem a vertente científica e de inovação (nomeadamente, um Centro de Conhecimento para a Bioeconomia), e também o que Moedas designou como a vertente “operacional”, por exemplo para promover a implantação de sistemas agrícolas e alimentares, silvicultura e produtos biológicos sustentáveis, ou melhorar o aproveitamento da biomassa ou dos resíduos.

A dotação de 100 milhões de euros permitirá criar uma Plataforma Temática de Investimento em Bioeconomia Circular. “As empresas têm de estar dispostas, mas como ainda têm alguma relutância, até porque alguns investimentos podem ser arriscados, nós vamos ajudá-las, pondo a primeira parte do investimento ou emprestando dinheiro com uma vantagem competitiva, por exemplo uma taxa de juro mais baixa”, afirmou Moedas.

E como é preciso “ligar um holofote” para os projectos da bioeconomia, a Comissão vai escolher dez cidades-piloto que sirvam de exemplo. Foi lançado um concurso e as candidaturas ainda estão abertas.

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