Rio diz que nomeação de Carlos Pereira é mais "jobs for the boys"

O presidente do PSD defende que o socialista que foi escolhido para a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos "não tem currículo" para o cargo e espera que o Governo "dê um passo à rectaguarda".

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Rui Rio espera que Governo reconsidere LUSA/CARLOS BARROSO

Para Rui Rio, há um problema que o está a preocupar: a nomeação do deputado Carlos Pereira para a administração da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). O presidente do PSD espera que o Governo volte atrás na nomeação do socialista uma vez que o parlamentar "não tem currículo no sector da energia". Espero que o Governo "dê um passo à rectaguarda e possa escolher uma personalidade" com conhecimentos no sector energético.

Rui Rio considera que se trata de "jobs for the boys" uma vez que uma entidade reguladora "não é um lugar para pôr um político, é para pôr pessoas com conhecimentos técnicos", defendeu à chegada à conferência "O Futuro de Portugal e as relações com os EUA", organizada pela Associação de Amizade Portugal - EUA.

Carlos Pereira era para ter sido ouvido esta quarta-feira de manhã no Parlamento para ser carimbada a sua nomeação, mas a pedido do PCP a audição foi adiada. Rui Rio considera positivo este adiamento porque assim poderá ser dada a possibilidade de os deputados se prepararem melhor para questionarem o socialista. Se, "em face dessa audição, se vier revelar aquilo que o currículo revela – que não tem nada directamente ligado à energia," o Governo poderá reconsiderar a sua nomeação, defendeu.

Rio não o disse preto no branco mas falou na necessidade de o PS "fazer algumas compensações" ao trabalho do deputado, que perdeu a liderança do PS-Madeira já este ano, indicando-o para o cargo na entidade reguladora - além de deputado e vice-presidente do grupo parlamentar, Carlos Pereira foi presidente dos socialistas na Madeira e um dos mais críticos da solução de o PS apoiar a candidatura de Paulo Cafôfo à liderança do governo regional.

A nomeação de Carlos Pereira conhecida na terça-feira levantou de imediato dúvidas. O CDS já pediu uma audição com "urgência" ao ministro da Economia Manuel Caldeira Cabral para obter explicações sobre a escolha, considerando que Carlos Pereira não tem independência.

Perfil eleitoralista

O presidente do PSD defendeu também que se "agravaram os temores" de que o próximo Orçamento do Estado possa ter "um perfil eleitoralista", considerando que a redução do défice para 0,2% não demonstra preocupação com as finanças públicas.

"Os temores, que acho que toda a gente tem, de que o Orçamento do Estado possa ter um perfil eleitoralista agravaram-se com estas últimas declarações. Vejo membros do Governo, não tanto o ministro das Finanças, venderem o orçamento de uma tal maneira como uma coisa muito popular, uma coisa de facilidades. Vamos ver agora o conteúdo, mas temo o pior", afirmou.

"Temo que, como vamos ter eleições em 2019, este orçamento repita orçamentos do PS do passado parecidos", acrescentou, apontando como exemplos os de 2009 e 1999, dos governos socialistas de José Sócrates e António Guterres, respectivamente.

Remetendo um comentário mais alargado para quando o Orçamento for apresentado, na segunda-feira, Rui Rio também não se manifestou entusiasmado com o cenário macroeconómico já confirmado pelo Governo e que aponta para um défice no próximo ano de 0,2%.

O presidente do PSD salientou que, sem a parte relativa às medidas extraordinárias ligadas ao Novo Banco, o défice este ano "já ficará nos 0,3%".

"O facto de se evoluir de 0,3 para 0,2%, ao contrário do que o Governo diz, demonstra uma preocupação com as eleições de 2019 e não com a evolução que se pretende em relação às finanças públicas. Reduzir de 0,3 para 0,2 é praticamente a mesma coisa que nada", criticou.

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